Depois de sete horas de discussão, o presidente da Comissão de Constituição Justiça e de Cidadania (CCJC), Osmar Serraglio (PMDB-PR), inovou nos procedimentos internos e encerrou a reunião do colegiado sem motivo aparente. Com a decisão, o parlamentar deixou para quinta-feira (14) a votação do relatório do deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), que acata um dos pedidos de Eduardo Cunha (PMDB-RJ): a anulação do resultado do Conselho de Ética, que pede a cassação do ex-presidente da Casa.

O anúncio gerou revolta no plenário da comissão. Aos gritos de “vergonha”, parlamentares favoráveis à cassação de Cunha repudiaram a interrupção da reunião. Para a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (RJ), esta foi mais uma manobra para protelar a decisão sobre o futuro de Cunha.

“É lamentável que isto aconteça com a ajuda do presidente da CCJ. Esta comissão deveria ser isenta, até pelo caráter que tem. Mas, infelizmente, o presidente manipula, manobra, protela, auxiliando Eduardo Cunha para que sua cassação não venha a acontecer”, afirma.

Agora, o desafio é o quórum para que a votação aconteça na quinta-feira pela manhã – já que os parlamentares devem entrar a noite em torno da votação da nova presidência da Casa.

O deputado Rubens Pereira Jr (PCdoB-MA), no entanto, acredita que a votação seja inevitável. “Hoje encerraram a reunião da CCJ sem qualquer base regimental, apenas pela vontade do presidente, o que é um absurdo. Mas o que o Cunha e sua turma estão fazendo é exercer o direito de espernear. Nada mais do que isso. Não há argumento jurídico que resolva o problema de falta de voto, não há manobra que resolva isso. Amanhã Cunha será derrotado na CCJ e depois no Plenário”, diz.

A maioria dos parlamentares no colegiado já se manifestou contra o relatório de Ronaldo Fonseca e a favor da manutenção do resultado do Conselho de Ética. Caso o parecer de Fonseca seja rejeitado, Serraglio informou que entrará em votação um dos votos em separado que validem o pleito no Conselho de Ética.