Há 30 anos o Brasil realiza estudos científicos na Antártida, com o objetivo de ampliar o conhecimento dos fenômenos naturais no local e sua repercussão no Brasil. Mas o projeto pode estar com seus dias contados. Nesta terça-feira (5), a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara realizou uma audiência pública para tratar do tema.

O diretor científico do Centro Polar e Climático do Instituto de Geociência da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), professor Jefferson Simões, esteve presente no debate representando a Academia Brasileira de Ciências e denunciou o corte radical de recursos para o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e para seus pesquisadores e bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado.

“A gente consegue até sobreviver com laboratórios em parcas condições, mas cortar bolsas de estudo? O Programa Antártico está parando! Nós estamos destruindo o futuro do Brasil. Esta é uma visão limitada, uma visão não estadista”, desabafou Simões.

De acordo com o cientista, apenas 15% a 20% dos recursos destinados à Antártida vão para a ciência. “Não adianta nada construir navios, não adianta construir estação, se não há recursos proporcionais para a ciência, teremos casa vazia. E casa vazia não faz ciência”.

O contra-almirante Marcos Borges Sertã, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar e gerente do Programa Antártico Brasileiro, destacou que os recursos orçamentários de 2012 a 2014 foram efetivamente liberados e feitos. Mas de acordo com ele, a partir de 2014, o setor não recebeu nem mesmo os recursos das emendas de Bancada em razão dos contingenciamentos e cortes de quase 50%.

A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) ganhou destaque durante a audiência por defender e estimular no Congresso o repasse de recursos orçamentários para o Programa, o que tem permitido a manutenção das pesquisas e a construção da nova base nacional no continente, após incêndio que destruiu a Estação Comandante Ferraz.

Jô ainda propôs que na reunião a ser realizada entre representantes do projeto, parlamentares e o ministro Gilberto Kassab, da pasta que congrega Ciência e Tecnologia, o foco das demandas de liberação de verbas seja voltado às bolsas de estudos e ao deslocamento de pesquisadores. “É a prioridade”, ponderou a deputada.

*Com informações da Agência Câmara e Ascom Jô Moraes