Foram quase nove meses para que o Conselho de Ética conseguisse votar o relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) sobre a quebra de decoro do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Manobras e bate-boca marcaram o processo que acabou com a aprovação, por 11 votos contra 9, da cassação do parlamentar. No entanto, para afastar definitivamente Cunha da Câmara, a Comissão de Constituição, de Justiça e de Cidadania (CCJ) e o Plenário da Casa precisam validar a decisão.

“Acredito que a cassação [no Conselho] se deu mais por pressão da sociedade do que pela consciência política dos senhores deputados”, avalia o presidente Comissão de Legislação Participativa, Chico Lopes (PCdoB-CE).

A votação, após algumas horas de debate, durou menos de meia hora e surpreendeu os presentes. A pressão popular – e os bastidores políticos – fizeram com que a deputada Tia Eron (PRB-BA) acabasse tendo que dividir os holofotes com Wladimir Costa (SD-PA), que depois de ter feito incontáveis defesas de Cunha, votou favorável ao parecer de Rogério.

Para o líder da Bancada do PCdoB, Daniel Almeida (BA), o Conselho de Ética, apesar da demora, cumpriu seu papel. “Votos foram modificados na última hora. Agora, cabe trazermos rapidamente para o Plenário e assim colocarmos fim às manobras e trapaças conduzidas por Cunha.”

Em nota, Cunha afirma que "o processo tem nulidades gritantes" e que vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Agora, a defesa do presidente afastado tem cinco dias úteis, a partir da publicação do resultado no Diário Oficial da Câmara, para recorrer à CCJ. Mas a comissão pode opinar apenas sobre aspectos formais do relatório – não sobre o mérito.

Só então, o processo vai para votação no Plenário da Câmara. Qualquer punição só poderá ser aprovada em definitivo com o voto de ao menos 257 dos 512 deputados.