Deputados e senadores se reúnem nesta terça-feira (24), em sessão do Congresso, para votar 24 vetos que trancam a pauta. A votação é pré-requisito para a análise da revisão da meta fiscal, primeira medida econômica proposta pelo governo interino de Michel Temer, mas encontrará resistência de partidos como o PCdoB, PT e PSol que, desde segunda-feira (23), vêm anunciando obstrução da pauta.

“Estamos fazendo uma obstrução política, porque não reconhecemos a legitimidade deste governo”, afirma o líder da Bancada do PCdoB, deputado Daniel Almeida (BA).

Para os comunistas, o vazamento da conversa de Romero Jucá, então ministro do Planejamento de Temer, com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, confirmando o golpe contra o governo de Dilma Rousseff, acirrou o embate político. Leia também: Jucá explicita bastidores do golpe contra Dilma

“Esta Casa não está em clima de normalidade. O que tivemos acesso pelo jornal Folha de S. Paulo é um dos fatos mais graves da recente história brasileira. Essa obstrução política é para mostrar à sociedade que este processo não passará despercebido. Nós já denunciávamos que era um golpe e isso vem se confirmando”, afirma a deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP).

A revisão da meta fiscal proposta pelo governo Temer propõe um déficit de R$ 170 bilhões, enquanto a equipe econômica da presidenta afastada Dilma Rousseff pediu autorização ao Congresso para um déficit primário de R$ 96,6 bilhões este ano. A nova proposta precisa ser aprovada até o final de maio, sob o risco de paralisar o funcionamento da máquina pública. No entanto, de acordo com a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), “é impossível votar uma meta fiscal produzida por um senador que gravou o golpe e que não tem condições políticas de apresentar nada para o país”.

“Nessa situação extraordinária, de Estado exceção, é fundamental discutirmos a agenda que recupere as relações democráticas e traga de volta para sua cadeira a presidenta democraticamente eleita. A partir daí, sim, as saídas para o país serão discutidas”, defende a parlamentar.