O Brasil vive um dia histórico. Cinquenta e dois anos depois do golpe que deu início à ditadura militar, o país vive uma nova empreitada contra um governo popular. Desta vez, no entanto, quem está no comando da conspiração não são os militares, mas o vice-presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados. Depois de dois dias de intensos debates no Plenário da Casa, neste domingo (17), parlamentares votarão a abertura ou não do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Em seu discurso, o líder comunista, Daniel Almeida (BA), deixou claro que o impedimento de Dilma é inconstitucional e ilegal por não haver crime de responsabilidade. O deputado colocou na conta de Eduardo Cunha e de Michel Temer a responsabilidade pelo processo contra Dilma.

“Estamos diante de uma situação surreal: uma presidenta, sob a qual não pesa qualquer denúncia, tendo seu mandato ameaçado por uma conspirata liderada por corruptos, como vossa excelência, presidente Eduardo Cunha”, afirmou.

Nas últimas semanas, a ligação entre Cunha e Temer ficou cada vez mais evidente. Já sem pudor, Temer “vazou” áudio em que apresenta as diretrizes de seu suposto governo, que seria, segundo ele, a “salvação nacional”. Para o líder da Bancada do PCdoB, a agenda da chapa Temer-Cunha, porém, não representa avanços.

“Querem enganar o povo, dizendo que um governo ilegítimo daria a saída para a crise. Mas qual a agenda? É a agenda do futuro? Não. É a agenda do retrocesso, do Estado mínimo, do pacto para impedir que corruptos que estão sentados aqui não sejam punidos. Não é esse o perfil do governo que o povo quer”, disse Daniel em referência ao presidente da Câmara, réu no Supremo Tribunal Federal (STF).

Para o parlamentar, apesar da tentativa da oposição de mostrar que o jogo está ganho, o impeachment de Dilma não passará e será momento de se pensar nos pactos para tirar o país da crise.