Em 2015, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de Miguel Reale Júnior, Hélio Bicudo e Janaína Paschoal contra a presidenta Dilma Rousseff depois que o PT declarou que não apoiaria o parlamentar no Conselho de Ética, que o investiga por quebra de decoro. Desde então, Cunha encabeça uma verdadeira caçada ao governo da petista, que culmina nas sessões desta semana, que analisarão o impedimento de Dilma.

Por conta deste histórico, o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), cobrou que o presidente da Casa se declare impedido de comandar e votar no processo. “Ele acatou o processo de forma indevida, como retaliação. Cunha é beneficiário direto desse processo e é do partido que assumiria se o impeachment passar nessa Casa”, afirma.

Para ele, não há mais dúvidas de que “o que está em curso no país é um golpe”. “Se não há crime não tem como fazer julgamentos. A acusação faz um discurso panfletário. Não existe crime de responsabilidade para acatamento desse pedido de impeachment. Então, se esta Casa aprova-lo é a prova de que é um golpe”, diz.

Defesa e acusação

A primeira sessão de análise do impeachment da presidenta Dilma Rousseff começou pontualmente às 8h55, nesta sexta-feira (15), mas desde às 6h da manhã, parlamentares já faziam fila na porta do Plenário da Casa para fazer inscrição para defender ou acusar o governo.

Num discurso panfletário e nada jurídico, Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impedimento de Dilma, reafirmou que as chamadas pedaladas cometidas pelo governo não são “meras infrações administrativas”, mas, sim,  “um crime contra a pátria". Apesar disso, mais uma vez, o jurista não apresentou provas e ateve ao apelo político para pedir a aprovação do impeachment de Dilma.

Já o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, mais uma vez, deu um banho na oposição. Num discurso claro e enfático, reafirmou que Dilma não cometeu crime de responsabilidade e que se for condenada “a História não perdoará”.

Votos

Nos próximos dias, parlamentares contra e a favor do impeachment defenderão suas teses até a derradeira votação, no domingo (17). Governistas sustentam que a oposição não possui os dois terços necessários para aprovar o impeachment de Dilma. “Domingo vamos derrotar vocês”, afirma Daniel Almeida.