A oposição conta as horas para dar continuidade à análise do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O processo foi interrompido no final de 2015, após questionamento ao Supremo Tribunal Federal (STF), feito pelo PCdoB, sobre o rito estabelecido pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). À época, o parlamentar descumpriu os acordos estabelecidos com os líderes e atropelou o regimento interno da Casa e a Constituição para formar uma comissão especial majoritariamente contrária ao governo. Mas o julgamento do Supremo condenou as manobras e estabeleceu um novo rito – que foi  sacramentado nesta quarta-feira (16), após análise de recursos.

Eduardo Cunha, no entanto, já avisou que não perderá um minuto após a decisão do STF e até sexta-feira (18) já deve anunciar a formação da comissão especial que analisará o tema. Segundo ele, em 45 dias, a Casa já deverá ter concluído todo o processo, uma vez que poderá contar com convocações todas as segundas e sextas-feiras. Durante reunião de líderes desta terça-feira (15), estratégia das alas interessadas no impeachment ficou clara.

Para o líder da Bancada Comunista na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), o açodamento da discussão é preocupante. “Esperamos que o STF confirme o rito e, a partir daí, queremos sentar para definir a nova eleição da comissão de forma tranquila e serena, sem nenhum tipo de protelação, mas sem atropelos. Precisamos preservar o amplo debate, o direito de defesa para que só então, a Câmara possa encaminhar o processo para o Senado”, afirma.

De acordo com o rito estipulado pelo Supremo Tribunal Federal, não serão permitidas candidaturas avulsas para formação da comissão especial e a votação para o colegiado deverá ser aberta. Além disso, o Senado dará a palavra final sobre o afastamento da presidenta, caso aceite o pedido.

O vice-líder do governo, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), afirma, no entanto, que há argumentos sólidos para impedir o avanço do impeachment de Dilma. “Não há justificativa para o impedimento. Eduardo Cunha, o capitão do impeachment, tenta com este processo encobrir a sua realidade. Ele manobra no Conselho de Ética, tentando obstruir o andamento do processo que vai conduzir à sua cassação; e manobra o descontentamento da população brasileira, comandando esse processo golpista de impeachment na Casa.”

Desde as manifestações do último dia 13, a oposição vem elevando o tom e anunciando o fim do mandato de Dilma, mas a presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), lembra que baixa popularidade não é razão para afastamento de um presidente da República.

“Um governo mal avaliado não é motivo para impeachment, mas como eles têm dificuldade de embasar juridicamente este processo, se valem das manifestações para pressionar o governo. Mas Dilma foi eleita para governar quatro anos e precisamos deixá-la governar. O povo quer emprego e renda, então precisamos de um pacto em defesa do país”, afirma.