O deputado Marcos Rogério (PDT-RO) apresentou relatório no Conselho de Ética, na quarta-feira (17), defendendo a continuidade do processo de cassação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). De acordo com o relator, somente a instrução será capaz de permitir ao colegiado concluir pela procedência ou não da representação contra o presidente da Casa. “Não há como, em juízo preliminar, retirar a força indiciária das provas”, explicou Marcos Rogério.

Durante a sessão do colegiado, o deputado Wellington Roberto (PR-PB) formulou pedido de vistas, ao qual Zé Geraldo (PT-PA) – favorável ao prosseguimento do processo – aderiu imediatamente para que o Conselho retome o caso só a partir da próxima terça-feira (23).

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) acredita que o adiamento da discussão tenha sido motivado por um equívoco de seus pares. “No afã de aparecer na mídia, deputados contra Eduardo Cunha protelam decisão do Conselho de Ética. Pisam nas cascas de banana”, destacou.

O presidente da Casa é acusado de mentir à CPI da Petrobras ao negar a existência de contas no exterior em seu nome. Cunha diz ser beneficiário das contas, que seriam de empresas. O Supremo Tribunal Federal (STF) já está analisando denúncia de que ele tenha sido favorecido com propina em contratos da estatal.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), Cunha não tem mais condições de permanecer à frente da Casa. "A Bancada do PCdoB no Congresso quer a saída de Cunha da presidência. Queremos que o Supremo decida cautelarmente sobre a saída do presidente da Câmara do cargo. Nós não podemos mais lidar com uma pessoa que comete ilegalidades, atos contra a Constituição para favorecer seus próprios interesses. Não dá mais. Alguma medida de fora para dentro precisa ser tomada."

Na quarta-feira (17), o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), anunciou que o colegiado entrará com mandado de segurança no STF para tentar anular a decisão do 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), que retardou o processo relativo ao presidente da Casa.

O ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, rejeitou pedido de Cunha para suspender o processo de cassação no Conselho de Ética da Casa. A defesa havia ingressado com mandado de segurança solicitando que a Corte reconheça o cerceamento do direito de defesa de seu cliente ou suspenda os trabalhos do conselho até que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) decida sobre recurso em que o parlamentar pede a anulação do processo.