O ano legislativo iniciou com nova manobra do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A votação realizada pelo Conselho de Ética no dia 15 de dezembro de 2015, que dava continuidade ao processo contra o peemedebista, foi anulada nesta terça-feira (2) pelo 1º vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA).

A decisão foi proferida em resposta a um recurso do deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado do presidente da Casa, que reclamou da ausência da possibilidade de pedido de vista do parecer do relator Marcos Rogério (PDT-RO). A determinação faz o processo retroceder até a fase de debate, e concede o direito de vista do processo.

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), condena a nova manobra conduzida por Eduardo Cunha para retardar a cassação de seu cargo. “Ele tem maioria na mesa, e usa a instituição a seu favor. Cunha está usando a cadeira de presidente da Câmara para impedir seu próprio julgamento. Ele precisa sair dali”.

A representação contra Eduardo Cunha é fruto de uma ação do PSol e da Rede Sustentabilidade. Os partidos argumentam que ele assumiu práticas incompatíveis com o decoro parlamentar, como a omissão intencional de informação relevante ou prestação de informação falsa.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), já passou do tempo de Cunha desapegar da presidência. “Além de tudo pelo que é acusado, Cunha tem realizado manobras inimagináveis para salvar a si próprio. Mentiu para a Câmara, e só isso já seria motivo suficiente para que ele saísse”, ressalta a parlamentar.

O presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), afirmou que vai retomar a discussão do parecer do relator nesta quarta-feira (3), e evitar novas protelações. O relator do processo, Marcos Rogério, ainda deve analisar se inclui novos fatos em seu parecer ou se manterá o anterior, analisando as informações posteriormente.