O dia 16 de dezembro de foi marcado por uma série de atos em defesa da democracia e do mandato da presidenta Dilma Rousseff em todo o Brasil. Um deles aconteceu no estádio Mané Garrincha, em Brasília, durante a abertura da 3ª Conferência Nacional da Juventude. Dilma foi recepcionada por gritos de “não vai ter golpe” e “Dilma fica, Cunha sai”, entoados por milhares de jovens, que lotavam o local e não decepcionou. Com discurso afiado, defendeu seu governo e disse que "jamais houve desvio".

Segundo Dilma, há uma "invenção de motivos" por parte daqueles que tentam chegar ao poder “no tapetão”. “Querem assaltar a eleição direta. A Constituição brasileira prevê sim esse processo [de impeachment]. O que ela não prevê é a invenção de motivos. Isso não está previsto em nenhuma Constituição", afirmou.

A presidenta elencou políticas implementadas pelos governos do PT desde 2003, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o governo. De acordo com ela, "os que buscam atalho para o poder não querem derrubar apenas uma mulher" e sim um projeto.

Os comunistas têm o mesmo entendimento que Dilma. Presentes ao evento, os deputados Alice Portugal (BA), Angela Albino (SC), Daniel Almeida (BA), Davidson Magalhães (BA), Jandira Feghali (RJ), Jô Moraes (MG), Luciana Santos (PE) e a senadora Vanessa Grazziotin (AM) reforçaram o coro contra o impeachment da presidenta.

Dilma comparou sua biografia com a de adversários políticos e atacou os que defendem sua saída do Palácio do Planalto. "Sabem que têm de usar de artifícios porque não conseguirão nada atacando minha biografia, que é conhecida. Sou uma mulher que lutou. Amo meu país e sou honesta. O mais irônico é que muitos que querem interromper meu mandato têm uma biografia que não resiste a uma rápida pesquisa no Google", criticou.

Mujica

Antes da chegada de Dilma à Conferência, o ex-presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, discursou e foi ovacionado pelos participantes do evento e deu um conselho: “Creiam, lutem!”.

O atual senador uruguaio ressaltou que as lutas só terão efeito se forem coletivas. “Sozinhos nada somos e precisamos nos unir com quem pensa parecido, respeitando as diferenças.”

Para a deputada Alice Portugal, a fala de Mujica foi inspiradora. “Ele nos emociona e a juventude nos anima a continuar lutando. Estamos juntos com a presidenta Dilma e com os jovens para dizer que não admitimos golpe no Brasil.”

Manifestações

Mais de 300 mil pessoas foram às ruas no dia 16 de dezembro em 25 estados e no Distrito Federal para defender o resultado das urnas. Os atos foram promovidos por entidades dos movimentos sociais unidos nas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, mas não reuniram só militantes, também tiveram as participações de artistas, intelectuais e cidadãos comuns, que apoiam o projeto do governo Dilma.

Os atos tiveram ainda como foco, os pedidos de afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados. O parlamentar é réu no Conselho de Ética por quebra de decoro e é alvo de investigação na Operação Catilinárias, um desmembramento da Operação Lava Jato.

Esta semana, Cunha sofreu diversos reveses. O último deles, o pedido da Procuradoria-geral da República no Supremo Tribunal Federal para que seja afastado de seu cargo no Parlamento por utilizá-lo em benefício próprio. A análise da petição ficou para a volta dos trabalhos do Judiciário, em fevereiro de 2016.