Lançada no domingo, em entrevista coletiva com a presença de Flávio Dino, do ex-ministro Ciro Gomes e do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, a chamada Rede da Legalidade é formada por forças políticas progressistas, juristas e organizações sociais, sindicais e estudantis. É uma reação nacional à tentativa de impeachment deflagrada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, na semana passada.

O movimento tem inspiração na campanha liderada por Leonel Brizola, em 1961, que resistiu ao golpe a partir do rádio. “Nós, hoje, vamos usar os meios de comunicação modernos, que são a internet e as redes sociais. Nós, como homens públicos, não podemos ficar impassíveis diante dessa monstruosidade que se está tentando”, destaca Flávio Dino.

Durante o ato promovido na sede do governo maranhense, Ciro Gomes afirmou que a liberdade é “um valor, que está acima de tudo, e que deve ser sempre respeitado”. Sobre as denúncias contra a presidenta Dilma, Ciro disse se tratar de pessoa “honesta, decente, a quem não estão permitindo governar”.

Governadores já haviam manifestado em nota, na semana passada, o repúdio ao que chamam de "absurda tentativa de jogar a Nação em tumultos derivados de um indesejado retrocesso institucional. Em vez de golpismos, o Brasil precisa de união, diálogo e de decisões capazes de retomar o crescimento econômico, com distribuição de renda", defenderam.

Assinaram o documento os governadores Rui Costa (PT–BA), Ricardo Coutinho (PSB–PB), Flávio Dino (PCdoB–MA), Paulo Câmara (PSB–PE), Robinson Farias (PSD–RN), Camilo Santana (PT–CE), Wellington Dias (PT–PI), Jackson Barreto (PMDB–SE) e Renan Filho (PMDB–AL).

Para Dino, a tentativa de impedimento da presidenta da República se dá por “oportunistas” e o país não pode ser jogado em uma “armadilha”. “O impeachment é tão violento que acabaria levando o país a uma instabilidade ainda maior”, enfatiza o governador, que organiza, também, um encontro de juristas para questionar a constitucionalidade do processo.

Unidade contra o impedimento de Dilma
Organizações sociais de todo o país lançaram manifestos pela manutenção do mandato constitucional de Dilma. Para a presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), o momento exige um espírito que é próprio dos comunistas, usar a força do convencimento: “Ir pra rua e fazer o debate de ideias. Nós precisamos mais do que nunca exercitar isso. Falar e comparar os governos do PSDB com a transformação que o Brasil passou durante o ciclo progressista dessa coalizão liderada por Lula e Dilma."

Juristas, advogados, professores universitários, bacharéis e estudantes de Direito declararam o apoio à continuidade do mandato da presidenta da República até 2018 e à construção de um Estado Democrático de Direito cada vez mais efetivo, em manifesto divulgado nesta segunda-feira (7). Destacaram que o Brasil deve seguir “sem rupturas autoritárias, independentemente de posições ideológicas, preferências partidárias, apoio ou não às políticas do governo federal”. Dalmo de Abreu Dallari, Celso Antônio Bandeira de Mello e Fábio Konder Comparato estão entre os especialistas que endossam o manifesto.

A Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirmou em comunicado divulgado na semana passada que “o impedimento de um presidente da República ameaça ditames democráticos, conquistados a duras penas”. A CNBB questionou, ainda, a autoridade moral que fundamenta a decisão de acolhimento do pedido de impeachment que pode agravar a situação nacional com reflexos “imprevisíveis” para a sociedade. “É preciso caminhar no sentido da união nacional, sem quaisquer partidarismos, a fim de que possamos construir um desenvolvimento justo e sustentável," diz a CNBB.

Entidades sindicais e patronais se reuniram em São Paulo, no dia 3, para o lançamento do movimento "Compromisso pelo Desenvolvimento". A iniciativa visa propor ações concretas para o crescimento econômico e social do Brasil. “Esta atitude de Eduardo Cunha potencializa a crise política e piora a crise econômica, aumentando a instabilidade, afastando os investimentos e prejudicando o Brasil”, aponta a nota das centrais sindicais assinada pela CTB, CUT e NCST.

Golpe Nunca Mais
O Movimento Rede da Legalidade mantém a página Golpe Nunca Mais no facebook, acesse: facebook.com/golpenuncamais.br