São Paulo tem 595 presos negros a cada grupo de 100 mil habitantes negros, de acordo com estudo da Secretaria Nacional da Juventude, órgão ligado à Presidência da República. Com este número, o estado tem a maior taxa de encarceramento de negros do país. Na tentativa de encontrar soluções para o elevado índice de violência contra jovens negros e pobres, uma audiência pública foi realizada nesta terça-feira (23), pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as causas dos ataques a este grupo. A ideia era obter dados sobre casos de violência, morte e desaparecimento de jovens negros e pobres no estado de São Paulo e as metodologias de segurança implantadas.   

São Paulo convive hoje com 9,65 mortos a cada 100 mil habitantes, número considerado “aceitável” pela Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelece 10 para 100 mil. Além disso, os jovens de 18 a 29 anos são a maioria dos presos: 1.044 a cada 100 mil. Para o comandante da Polícia Militar de São Paulo, Ricardo Gambaroni, educação e cultura “são primordiais para modificar este cenário”.

De acordo com o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), a esperança é que, ao final dos trabalhos, a CPI apresente um conjunto de propostas efetivas para mudar os elevados índices de violência e encarceramento de jovens negros e pobres. “Tem mãe, filhos e filhas, irmãos e irmãs por trás dos números analisados. O que queremos é colocar um pouco de vida no debate sobre a violência que acontece hoje no Brasil”, destaca o deputado.

“A CPI foi constituída para colocar um holofote e dar visibilidade para a maior tragédia que o Brasil vive nesse momento, que é o genocídio da juventude pobre e negra. O objetivo da CPI, quando abrimos para dialogar com a sociedade, é colher não só denúncias, não só depoimentos de famílias. Porque para nós, não adianta olhar as estatísticas, pessoas não são apenas números”, pontua Orlando.

Estiveram presentes Rafael Valle Vernaschi, defensor público Geral do Estado de São Paulo; Youssef Abou Chahin, delegado-chefe da Polícia Civil do Estado de São Paulo; Ricardo Gambaroni, comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo; Alexandre Moraes, secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo.