Parlamentares de diferentes partidos cobraram, nesta terça-feira (9), a renúncia do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, após denúncias de corrupção feitas pelo FBI no final de maio sobre atos de corrupção envolvendo a CBF e a Federação Internacional de Futebol (Fifa).

As investigações ainda não envolveram diretamente ao nome do cartola, mas sua ligação com ex-presidente da CBF, José Maria Marin – que foi preso no dia 27 de maio –, tem instigado pedidos reiterados de renúncia do atual dirigente da Confederação.

Para o deputado João Derly (PCdoB-RS), a saída do cartola seria um “ato de coragem e contribuição para o esporte brasileiro”. O pedido foi reforçado por manifesto de jogadores que compõem o Bom Senso Futebol Clube, divulgado nesta segunda-feira (8). Entre as medidas para melhorar o futebol brasileiro, os jogadores destacam a "renúncia imediata" de Marco Polo Del Nero e mudanças estatutárias que democratizem a CBF.

Del Nero, no entanto, disse que não tem motivos para renunciar. “Fui eleito democraticamente e vou permanecer no meu cargo”, disse durante audiência pública na Câmara dos Deputados.

O presidente da CBF lamentou ainda as denúncias que envolvem as entidades e seu “companheiro". No último dia 27, sete dirigentes ligados à Fifa foram presos por suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e extorsão envolvendo a organização de competições e contratos de marketing e televisionamento. Eles estavam na Suíça para participar do congresso e da eleição da entidade, em 29 de maio. Entre os presos está Marin, que deixou a presidência da CBF em abril deste ano. Ele é acusado de negociar propinas no valor de R$ 346 milhões pela cessão dos direitos de transmissão da Copa América até 2023, enquanto presidiu a CBF.

A entidade também será investigada por contratos de patrocínio firmados com a multinacional americana Nike e intermediados pela Traffic, empresa brasileira de marketing esportivo.

Investigação parlamentar

As denúncias de corrupção têm alimentado a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as irregularidades nas entidades. Na Câmara, o deputado João Derly tem encabeçado a coleta de assinaturas para instaurar o colegiado. O parlamentar já protocolou o pedido de uma CPI na Câmara – que aguarda numa fila para ser deliberada pela presidência da Casa – e agora tenta emplacar uma CPI mista para dar mais celeridade ao início das investigações pelos parlamentares.

“O trabalho conjunto é mais eficiente, por isso queremos investir numa CPI conjunta entre Senado e Câmara. Precisamos moralizar o nosso futebol e uma investigação no Parlamento é um passo importante nesse sentido”, avalia Derly.

O parlamentar já coletou 130 assinaturas de deputados, das 171 necessárias, e ainda precisa de 27 senadores para instalar a CPI mista.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que já foi ministro do Esporte, o Congresso tem o “dever” de investigar as denúncias. “Futebol é um tema de interesse público difuso. Temos que investigar todo desmando acontecido para dar uma satisfação para a sociedade e estudar medidas para coibir esse tipo de conduta. Precisamos apurar tudo para que nosso futebol volte a ser fora do campo a maravilha que é dentro dos campos”, afirma.