A União Nacional dos Estudantes (UNE) está com nova direção. Neste domingo (7), em Goiânia (GO), durante a realização do 54º Congresso da entidade, a paulista Carina Vitral foi eleita presidente da organização com 2.367 (58%) votos de um total de 4.071 para suceder a pernambucana Virgínia Barros.

Diferentemente dos três últimos presidentes da entidade, alunos de grandes universidades públicas brasileiras como UFRJ e USP, Carina representa os estudantes das particulares, que se tornaram protagonistas no país a partir de programas como o ProUni e o Fies. A regulamentação do ensino superior privado, inclusive, é uma das prioridades da estudante de Economia da PUC-SP.  “Ao todo, 40% das vagas do ensino particular são atualmente subsidiadas pelo Estado, mas não há nenhum controle ou garantia sobre a qualidade desse ensino. A universidade particular no Brasil precisa mudar urgentemente”, cobra Carina.

Além disso, a nova presidente da UNE também defende ampliação da assistência estudantil, mudanças na política econômica do país, taxação das grandes fortunas e a reforma política democrática com o fim do financiamento privado de campanhas.

A Bancada do PCdoB na Câmara, que tem entre seus parlamentares ex-dirigentes da UNE, saúda a nova direção da entidade, que tem sido importante aliada em diferentes lutas travadas no Congresso.

“Que seus sonhos e garra reforcem a energia dessa juventude aguerrida, que renova novas lutas e forças no Congresso”, afirma a líder da bancada comunista na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ).

De acordo com dados divulgados pela UNE, este Congresso foi um dos maiores realizados pela entidade, com participação de mais de quatro mil delegados, representando mais de 98% das universidades do país. Para a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), o encontro reforça sua convicção de que “a juventude brasileira é o setor que mais se renova e mais acredita no futuro”.

Ex-líderes estudantis e ex-presidentes da UNE, os deputados Wadson Ribeiro (PCdoB-MG) e Orlando Silva (PCdoB-SP) também se somaram às boas-vindas de Carina. “Até relembrei da minha trajetória, 20 anos atrás, quando fui eleito o primeiro presidente negro da UNE. Carina terá boas lutas pela frente”, diz Orlando.

A participação da juventude nas disputas que virão foi ressaltada pela deputada Luciana Santos (PCdoB-PE). A parlamentar, que assumiu recentemente a presidência nacional do PCdoB, destacou durante o Congresso, que, neste momento de crise política, a UNE e a juventude serão fundamentais. “Estamos vivendo mais uma grande luta de massas para resistir ao avanço do pensamento conservador em nosso país. E a juventude será fundamental nesse processo.”

Uma das principais discussões do 54º Congresso da UNE girou em torno do tema da redução da maioridade penal. Os milhares de estudantes presentes se mostraram veementemente contrários à proposta, que teve até ato de repúdio. A entidade lançou ainda o relatório da sua Comissão da Verdade, um estudo de dois anos realizado por pesquisadores sobre a violência da ditadura militar contra estudantes, entre eles o ex-presidente da entidade Honestino Guimarães, natural de Goiás.

*Com informações da UNE.