A discussão política faz parte de sua vida desde a meninice. O pai, professor de matemática e militante do Partido Comunista quando a legenda ainda vivia na clandestinidade, transpirava política. A mãe, apesar de não ser filiada, também participava ativamente dos comícios do partido. Ambos traziam do berço essa raiz, pois seus pais haviam sido líderes do movimento sindical, e passaram a paixão pela política para ela, numa época em que este assunto era mais comum aos homens. “Todo mundo na família dizia ‘Luciana é mais interessada em ouvir essas histórias do que os meninos’”, lembra a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE).

Não demorou para que ela enveredasse pelo caminhos dos pais. Entrou para o movimento estudantil na universidade e em 1987 se filiou ao PCdoB. De lá para cá, foi deputada estadual, prefeita de Olinda (PE), secretária de Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco, e, atualmente, exerce seu segundo mandato na Câmara dos Deputados, onde já liderou a Bancada do PCdoB. Agora, com 28 anos de militância, a parlamentar está prestes a assumir mais um desafio à frente da legenda: substituir Renato Rabelo na presidência nacional do partido.

Amigos desde a militância estudantil, o deputado Orlando Silva (SP) exalta as qualidades da correligionária. “Conheço Luciana do tempo que era só Lu. Ela era líder dos universitários do Brasil, e o curioso é que ela continua sendo a mesmíssima pessoa. Sorriso no rosto, alegria, aquele jeito que encanta todo mundo que chega perto. Lu é hoje o que sempre foi: uma pessoa com muita firmeza, muita capacidade de conversar, de dialogar. Muita paciência para ouvir todo mundo, mas muita firmeza, determinação, perseverança, persistência”, diz.

“Ela assume o PCdoB num momento decisivo para a história do Brasil. Trata-se de alguém que tem a clareza, o compromisso e a garantia da serenidade e da firmeza no processo decisório. Foi testada e aprovada. Portanto, é motivo de muita honra esse partido de 93 anos de luta ter uma mulher pela primeira vez à sua presidência”, afirma a deputada Alice Portugal (BA).

Segundo a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), a escolha de Luciana para a sucessão de Renato coroa um processo de inovação democrática do partido. É a primeira vez que a legenda realiza uma eleição, escolhe uma mulher e parlamentar. “Ela assumirá o partido num contexto político muito difícil. Luciana foi ousada ao aceitar esta tarefa. Mas ela tem opinião, ouve, é agregadora e com sua doçura vai comandar nossa legenda com muita sabedoria”, reforça Jandira.

A oficialização de Luciana Santos na presidência nacional ocorrerá durante a 10ª Conferência Nacional do PCdoB, entre os dias 29 e 31 de maio, em São Paulo. De acordo com a futura presidente, entre seus desafios estão: a defesa da democracia e do mandato da presidenta Dilma Rousseff; a defesa da Petrobras como patrimônio nacional; as reformas estruturantes para o país (política e da comunicação); e os direitos dos trabalhadores.