Alta mortalidade de jovens negros é reflexo do racismo no Brasil
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a violência contra jovens negros no Brasil ouviu, nesta quinta-feira (21), a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Nilma Lino Gomes. De acordo com ela, o racismo é o responsável pela alta taxa de mortalidade desse segmento social. “Uma média de cinco jovens negros são assassinados a cada duas horas no Brasil. Isso demonstra o quanto o racismo ainda está presente no Brasil”, afirma.
Hoje, denúncias históricas feitas pelos movimentos negros podem ser comprovadas por números. A ministra lembra, que em 2012, de acordo com o Mapa da Violência, das 56 mil pessoas que morreram no Brasil, 67,9% das vítimas eram negras.
Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), os depoimentos colhidos pela CPI desde sua instalação reforçam a necessidade de caracterizar essas mortes como “genocídio da população negra”, dada sua dimensão no país.
“Politicamente, acho correto caracterizarmos como genocídio da juventude negra isso que vem acontecendo no Brasil. Esta é uma denúncia feita pelo movimento social e é uma realidade brutal. Essa tipificação política é um ganho para que o Estado assuma a dimensão que deve ter o combate a esSe genocídio”, afirma o parlamentar.
Segundo Nilma Lino Gomes, o governo tem estimulado diagnósticos para buscar soluções para preservar a vida dos jovens e as políticas públicas precisam ser construídas com estados e municípios. “Todos nós somos responsáveis pelo futuro dos nossos jovens. A pergunta é: que juventude é essa que o mundo adulto tem ajudado a construir?”
Um dos objetivos da CPI é apresentar um Plano Nacional de Enfrentamento a Homicídios e Violações de Direitos de Jovens Negros e Pobres, estabelecendo programas, ações e metas que possam ser acompanhadas de dez em dez anos e fiscalizadas pela sociedade civil. Entre os resultados da CPI, o deputado Orlando Silva sugere a indicação ao Executivo de ampliação do programa Juventude Viva.
Cabula sangra
No dia 19, durante outra audiência pública da CPI, o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA) comemorou a denúncia de policiais militares envolvidos no assassinato de 12 pessoas na favela de Cabula, em Salvador (BA), feita pelo Ministério Público.
As famílias das vítimas desSa chacina foram ouvidas pela CPI em audiência pública em Brasília e também na diligência que os parlamentares fizeram à capital da Bahia. Nas duas ocasiões, os parlamentares cobraram das autoridades baianas a reabertura das investigações, que, segundo os familiares, estavam paralisadas.