“O que ainda está por ser conquistado é a estabilidade do fluxo orçamentário dos investimentos públicos que não permita interrupções e a busca de alternativas de financiamento dos projetos estratégicos hoje existentes. Isso só será possível com a incorporação de toda a sociedade a esses desafios”. Com essas palavras, a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, abriu nesta terça-feira (19) o seminário Segurança e Defesa: suas implicações para o desenvolvimento nacional. Na composição da mesa de debates, estiveram o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) e a ex–deputada e atual assessora especial do Ministério da Defesa, Perpétua Almeida.

Em seu discurso, Jô, coordenadora do debate, lembrou que é preciso transformar o tema em um assunto que abranja toda a sociedade. “Este debate se insere no esforço de nosso país em formular um pensamento estratégico que tome como base o atual cenário global, o entorno geoestratégico brasileiro, as relações da defesa com a sociedade e os desafios para o desenvolvimento da Base Industrial de Defesa”. Ela explicou que essa reflexão é feita em um momento de “prolongada crise internacional do sistema capitalista, que produz duro impacto sobre as economias nacionais em todo o mundo e crescente instabilidade política e militar”. A crise atual mostra a falência do modelo capitalista hegemônico que elevou a desigualdade social, contendo o avanço dos países em desenvolvimento e levando os países mais desenvolvidos à recessão e à estagnação. Nesse contexto, a deputada reforçou que o grande desafio é relacionar os problemas com a questão estratégica nacional.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) destacou os projetos de defesa que são atualmente desenvolvidos pelas forças armadas, e defendeu o deslocamento de uma parte da população para a Amazônia, com garantia de emprego e renda. “Também julgo importante para a soberania nacional que nós tenhamos ativa a defesa do nosso oceano, a chamada Amazônia Azul, que é onde estão as nossas principais riquezas, como o petróleo e o desenvolvimento da pesca”. 

A assessora especial do Ministério da Defesa, Perpétua Almeida, reafirmou que o Brasil deve consolidar uma base industrial de defesa capaz de atender às demandas das forças armadas de irradiar conhecimento, emprego e tecnologia em outros setores da economia. Abordando a importância do elo entre o Parlamento, o Executivo, as Forças Armadas, a sociedade e a Indústria de Defesa, ela enalteceu que, não à toa, o Brasil recentemente sediou a LAAD, uma das maiores feiras de defesa e segurança da América Latina, cujo principal objetivo é promover produtos de segurança e defesa do Brasil. “Para mim, esta é uma reação real de que o Brasil tem dado cada vez mais importância ao tema da defesa, da indústria da defesa e do desenvolvimento do país a partir desta perspectiva industrial”, ressaltou Perpétua.