A Bancada do PCdoB na Câmara protocolou um requerimento de moção de repúdio ao governo do Paraná e à sua polícia militar por conta da “truculenta repressão” às manifestações dos professores e servidores públicos do estado na última quarta-feira (29). De acordo com o documento, a atitude da polícia “viola direitos fundamentais à liberdade de expressão e manifestação pacífica”.

Para a líder da legenda na Casa, deputada Jandira Feghali (RJ), a agressividade com que os docentes foram tratados é injustificável. “O desgoverno tucano no Paraná é um símbolo que espelha bem a incapacidade de seus líderes em auscultar os movimentos sociais. Na falta de diálogo com os sindicatos, Beto Richa e seu secretário de Segurança implantaram a ‘política do cassetete’. Isso é incompatível com o Estado democrático de direito, estabelecido pela Constituição Federal de 1988, e com as normas internacionais da Declaração dos Direitos dos Seres Humanos da ONU”, afirma.

Uma semana após a ação truculenta no estado, o governo do Paraná anunciou a troca de comando na Secretaria de Educação. No entanto, a Secretaria de Segurança Pública, sob comando de Fernando Francischini, permanecia intocada. Hoje, o governador anunciou a exoneração dele.  O secretário havia responsabilizado o comando da PM pelos “eventuais excessos”, mas a declaração foi rebatida pelo comandante da Polícia Militar do Paraná, César Vinícius Kogut.

Nesta terça-feira (5), em carta aberta ao governador do estado, Kogut disse que “toda a ação foi elaborada seguindo plano de operação determinado pela Secretaria de Segurança Pública, tendo inclusive o senhor secretário participado de várias etapas do planejamento”. A carta diz ainda que Francischini era informado de todos os desdobramentos da operação e que foi alertado inúmeras vezes pelo comando da PM sobre os riscos que a operação oferecia de resultar em centenas de pessoas feriadas, “como, de fato, ocorreu”.

Para o deputado Aliel Machado (PCdoB-PR), as divergências dentro do governo apontam o tamanho da crise vivida por Richa nesta gestão. O parlamentar lembra que a ação resultou em mais de 200 feridos e deve ter punição para os responsáveis. “Os professores estavam demonstrando a importância da democracia, da participação popular, e foram atacados como bandidos. Num momento em que tentamos implantar no país o lema do “Pátria Educadora”, nos deparamos com essa vergonha realizada pelo governo do Paraná”, diz.

Professores e servidores públicos protestavam contra a aprovação do projeto de lei que altera o custeio do Regime da Previdência Social dos servidores, a ParanaPrevidência, pela Assembleia Legislativa do Paraná quando foram violentamente reprimidos pela polícia militar. Balas de borracha, cassetetes, gás e cães foram utilizados contra os manifestantes. “É um absurdo termos um estado que bate nos seus professores. Eles são os responsáveis por ensinar as pessoas a serem cidadãos. Mas é assim que o PSDB trata a categoria quando está no governo. É muito triste”, lamenta o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE).

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirma que a moção de repúdio é o primeiro passo, mas que é preciso que medidas sejam tomadas para que “nunca mais este tipo de atitude seja vista no país”.