“A violência contra a mulher não é o Brasil que a gente quer.” Com este refrão, parlamentares, encabeçados pela Bancada Feminina da Câmara, solidarizaram-se com a líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), após agressão do deputado Roberto Freire (PPS-SP) e ameaça do deputado Alberto Fraga (DEM-DF) que pregou a violência contra a mulher.

“Parece que as noites na Câmara não têm como piorar nesta Legislatura. Fui agredida fisicamente pelo deputado Roberto Freire durante discussão das medidas provisórias 664 e 665. Pegou meu braço com força e o jogou para trás. O deputado Alberto Fraga, não satisfeito com a violência flagrada, disse que ‘quem fala como homem deve apanhar como homem’ na minha direção. Fazia menção a mim. É assustador o que está acontecendo nesta Casa. Em trinta anos de vida pública jamais passei por tal situação. Parece irônico a mulher que escreveu o texto em vigor da Lei Maria da Penha seja vítima de um crime como este”, afirma a parlamentar.

De acordo com Jandira, a atitude de Fraga terá repercussão judicial. Na próxima segunda-feira (11), a deputada entrará com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo abertura de inquérito e condenação de Alberto Fraga por crime de incitação ao ódio e violência contra a mulher; e um requerimento ao Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. O documento também pede punição ao deputado por incitação ao ódio e violência contra a mulher.

“Esta medida já está sendo encaminhada. Minha trajetória é reta, ética e coerente dentro da política desde quando me tornei uma pessoa pública, na década de 80. Não baixarei a cabeça para nenhum machista violento que acha correto destilar seu ódio. A Justiça cuidará disto. E ela, sim, pesará sua mão.”

Os ataques começaram depois que o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) exigiu punição aos manifestantes contrários à Medida Provisória 665/14, que jogaram cópias de notas de dólar sobre o Plenário durante a votação da matéria, nesta quarta-feira (6). Para ele, a violação à democracia “parece ter se tornado recorrente no Congresso Nacional”, que deveria ser o espaço do diálogo, do debate e das divergências. “Em qualquer pauta que esteja em votação é preciso haver respeito às manifestações dentro e fora de Plenário. Não podemos compactuar com qualquer tipo de violência, física ou verbal, por parte de parlamentares ou vindas de fora dessa Casa, sob pena de avançarmos ainda mais na tentativa de desconstrução da democracia e do Legislativo”, afirma.

A Bancada do PCdoB em peso repudiou as agressões. A legenda defende e luta pela igualdade de direitos das mulheres e tem sido protagonista na articulação na Câmara e no Senado pelo aumento da participação feminina na política brasileira. “Não podemos tolerar gestos violentos e apologia à violência contra a mulher. No Plenário, nas ruas e nas redes merecemos e exigimos respeito!”, afirma a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), vice-presidente nacional da legenda. “Atitudes como estas são intoleráveis”, acrescenta a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), que ano passado também foi vítima de violência de gênero enquanto discursava no Plenário.

Deputados de diversas legendas também se solidarizaram com a parlamentar.