Bombas jogadas de helicópteros, cassetetes, cães, balas de borracha. Foi com este aparato que a polícia militar do Paraná recebeu professores e servidores públicos que protestavam contra o projeto de lei que promove mudanças no custeio do Regime Próprio da Previdência Social dos servidores estaduais – a ParanaPrevidência –, aprovado nesta quarta-feira (29) na Assembleia Legislativa.

Segundo a Prefeitura de Curitiba, 213 pessoas ficaram feridas, em mais de duas horas de conflito. A Bancada do PCdoB se solidariza com a luta dos professores e repudia a atuação truculenta do governo paranaense contra os docentes.

Para o deputado Aliel Machado (PCdoB-PR), é “lamentável” que, na semana em que se comemora o dia do trabalho (1º de maio), a luta dos educadores por seus direitos seja marcada por tamanha violência. “Esse é o raio-X de um governo medíocre. A insistência do governo Beto Richa (PSDB) em aprovar o pacotão da austeridade é reflexo de uma má gestão sem precedentes”, aponta o parlamentar.

Em fevereiro, os docentes já haviam paralisado suas atividades contra o “pacotão de austeridade'' que mexe nos direitos trabalhistas e previdenciários. À época, o governo Beto Richa tentou emplacar uma votação “expressa'' sem passar pelos debates de sempre. Isso enfureceu os manifestantes, que também ocuparam o prédio. Por fim, o governo anunciou a retirada das propostas para “reexame'' e a fim de “garantir a integridade física dos parlamentares''. Nesta quarta, no entanto, o projeto foi aprovado a fórceps, sem que qualquer professor ou servidor público tenha tido acesso à Assembleia Legislativa.

O projeto de lei muda a fonte de pagamento de mais de 30 mil beneficiários para o Fundo Previdenciário. Com isso, o governo deixa de pagar sozinho essas aposentadorias e divide a conta com os próprios servidores. A administração estadual enfrenta problemas de caixa e a estimativa é que essas mudanças vão representar uma economia de R$ 125 milhões por mês.

Professor de formação, o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), engrossa o coro em defesa dos educadores. “Lamento a violência sofrida pelos professores curitibanos, que exerciam seu direito à livre manifestação e defendiam direitos trabalhistas, contra limitações a serem impostas por uma reforma previdenciária em nível estadual. Também me solidarizo com os profissionais de comunicação feridos no dia a de hoje, uma data triste para a democracia e para a educação, em todo o Brasil”, afirma o deputado.

Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), a atitude do governo do Paraná é injustificável. “É extremamente humilhante o que milhares de trabalhadores passaram ao tentar reivindicar seus direitos”, afirma.

Já a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) cobrou providências da Câmara dos Deputados. “É necessário que esta Casa busque mediar esta questão. Com toda a divergência que possa se ter no país, este tipo de evento está superado entre nós. Não podemos mais admitir este tipo de atuação. Solicitamos a intervenção da Câmara para buscar um processo de pacificação”, conclui.

Após pedidos de parlamentares de diversas legendas, uma comitiva da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados foi para Curitiba (PR) para apurar as denúncias. Nesta quinta-feira (30), parlamentares tentam ser recebidos pelo governador Beto Richa.