Nesta quarta-feira (29), o grupo de implantação da TV digital (Gired), formado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), vai decidir o modelo de conversor para TV digital que será destinado a 14 milhões de famílias de baixa renda que participam do programa Bolsa Família.

Essa decisão implica na perspectiva de haver, ou não, possibilidade de interatividade e acesso à multiprogramação para os usuários da TV aberta. Esse foi o tema da reunião entre a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) e os pesquisadores do campo da comunicação digital Richard Santos, Cosette de Castro, da Universidade Católica de Brasília (UCB) e Cristiana Freitas, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

De acordo eles, através do middleware Ginga, sistema desenvolvido no Brasil em código aberto, acoplado dentro da caixa de conversão para o canal digital, as famílias podem receber informações sobre diferentes questões, inclusive ter um canal de serviços públicos através da multiprogramação. Com isso, os usuários poderiam ter informações atualizadas diariamente sobre empregos sem sair de casa, marcar consultas no Sistema Único de Saúde (SUS) sem ficar na fila, fazer cursos pela televisão, pagar contas em bancos públicos, enviar informações para receber benefícios de saúde, aposentadoria, direitos da mulher. 

Para a deputada, a implantação da TV digital é um marco na história da tecnologia e precisa se constituir, também, em um marco na utilização do desenvolvimento de novas ferramentas para formar, incluir e garantir direitos à população, sobretudo nas faixas mais carentes, como é o caso da Bolsa Família.

“A interatividade é uma forma de inclusão que ajuda na construção da cidadania e do desenvolvimento do país”, defende a professora Cosette. Com a multiprogramação, aumentaria o número de subcanais disponíveis, consequentemente aumenta a programação e também a demanda por profissionais de comunicação.

Com a proximidade da data em que o modelo será definido, grupos se mobilizam para ampliar o debate sobre o tema e levar a opinião da população aos representantes do poder público no grupo. A deputada Luciana sugeriu que o tema fosse pautado também na reunião da FrenteCom (Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular) e se dispôs a conversar com representantes do Ministério das Comunicações para enfatizar a importância da escolha pela interatividade.

"A tecnologia precisa estar a serviço do crescimento e do desenvolvimento social. A interatividade é um ganho na qualidade de vida da população e isto é visível nos resultados das experiências do projeto piloto e em seus desdobramentos", pondera a parlamentar.