É a primeira vez na história da Bancada Feminina da Câmara dos Deputados que um presidente da Casa interfere na maneira como deve ser feita a escolha das integrantes da Secretaria da Mulher. O presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deliberou que as indicações dos nomes seguirão o formato da eleição da Mesa Diretora, ou seja, por ordem de proporcionalidade entre os blocos partidários e o número de deputados de cada um.

Até então a escolha da coordenadora e procuradora era feita de livre escolha das parlamentares. Candidatava-se, quem tinha interesse nas vagas, de forma autônoma e soberana do grupo. Mas com a ingerência de Cunha, o maior bloco, o do PMDB, que reúne 14 partidos e 218 parlamentares – PMDB, PP, PTB, DEM, PRB, SD, PSC, PHS, PTN, PMN, PRP, PEN, PSDC e PRTB – terá a coordenadora e procuradora.

A atual coordenadora da bancada, Jô Moraes (PCdoB-MG), explica existe hoje uma distorção em razão de estarem sendo computados os partidos participantes dos blocos não possuem mulheres entre seus deputados. São eles: SD, PHS, PRP, PSDC, PEN, PRTB, PSD, PROS, PSOL, PPL e PTdoB. Com isso, partidos compostos exclusivamente por homens, estão interferindo na autonomia da Bancada Feminina. 

A deputada lamenta a decisão de Cunha. “As novas regras mudam radicalmente o processo eleitoral da Secretaria da Mulher porque, em outras eleições, particularmente a primeira [Em 2013, a Secretaria entrou no regimento interno da Câmara] que se deu sob a presidência de Henrique Eduardo Alves, a própria bancada estabeleceu sua dinâmica e sua norma e construiu um consenso dentro das diferenças, só não teve candidaturas avulsas para coordenadoria da mulher, mas teve candidaturas avulsas para todos os demais sete cargos”, argumentou.