O primeiro dia do ano legislativo foi marcado pela disputa para a Presidência da Câmara dos Deputados. Após a posse dos 513 parlamentares eleitos em 2014, as articulações para a esperada eleição ganharam espaço. No páreo quatro candidatos: Arlindo Chinaglia (PT-SP), Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (Psol-RJ). O relógio marcava pouco mais de 20h30 quando a apuração dos votos confirmou a vitória do peemedebista. Para a Bancada do PCdoB na Câmara – que apoiava o candidato do PT – o resultado é negativo para o país.

“Espero que este Parlamento não degringole. Eu acho que o cenário atual é ruim e negativo. Não o vejo [Eduardo Cunha] como um parlamentar aberto às reivindicações populares, muitas delas pulsadas dos movimentos sociais, pelas reformas estruturantes, liberdades individuais, laicismo no Estado e pluralidade do povo. Por isso, agora temos que contar muito com a participação da sociedade para mantermos nossa agenda e nossa luta”, afirmou a líder da Bancada, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Cunha é conhecido por suas posições conservadoras. É um dos defensores da redução da maioridade penal e da transferência do Executivo para o Legislativo do processo de demarcação de terras indígenas, por exemplo. É contra projetos que criminalizam a homofobia e a regulamentação da mídia – demanda crescente na sociedade e defendida pela presidenta Dilma Rousseff. A seu favor, um Congresso com perfil conservador e o poder econômico. De acordo com informações divulgadas pelo jornal Estadão, Cunha gastou quase R$ 1 milhão só com viagens de jatinho para percorrer as 27 unidades federativas em sua campanha para a Presidência da Casa.

“Com eleições cada vez mais influenciadas pelo poderio econômico, qual tipo de Legislativo o povo deve esperar? Conservador e atrasado, óbvio”, critica o deputado Rubens Pereira Jr. (PCdoB-MA), empossado para o primeiro mandato.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), o cenário também não é animador. A parlamentar, no entanto, espera que a Câmara “não envergonhe a nação brasileira”.

Eleito com 267 votos, Cunha ficará a frente da Câmara por dois anos. O desafio agora será articular espaços para que bandeiras caras à esquerda sejam aprovadas na Casa, como por exemplo, a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

De Brasília, Christiane Peres e Tatiana Alves