O Brasil deu o passo decisivo para o que se tornaria o mais longo abraço democrático de sua história: no dia 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito para a Presidência da República. O fato é um marco do fim da ditadura militar (de 1964 até 1985).

O mecanismo institucional utilizado foi o colégio eleitoral criado para perpetuar a ditadura militar, manobra para perpetuar a ditadura por meio de eleição indireta. Mas Tancredo venceu por 480 votos contra 180 dados ao Paulo Maluf, do PDS, que era o candidato da situação.

Para Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB na Câmara, a vitória de Tancredo foi um passo firme na consolidação de um país mais justo, livre de torturadores dos porões do DOI-Codi (sigla de Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna,  órgão repressor criado pelo Regime Militar) e da violenta censura.

“Comemoramos a liberdade de organização com a legalização de partidos até então clandestinos, como o PCdoB. Nesses tempos de intolerância é importante relembrar a data e persistir na luta contra a opressão e o preconceito”.

Segundo a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), presa duas vezes durante o Regime Militar, a data fica muito presente na memória porque o Brasil tinha uma grande expectativa em relação às Diretas-Já. Havia manifestações e uma expressão visível nas ruas, daquela confluência.

Dois meses depois, na véspera da posse, a euforia com o novo momento político do país se transformou em drama. Tancredo Neves estava doente, foi internado em estado grave. Mas o caminho já estava aberto: os militares saíram de cena e o vice de Tancredo, José Sarney, assumiu a presidência. Quatro anos depois, em 1989, o povo finalmente foi às urnas para escolher o presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello. Depois disso, votou outras seis vezes em eleições presidenciais.

Jovens apontam muitos erros na democracia, como a corrupção. Mas o melhor combate é com mais democracia e com instituições independentes, defende Jô Moraes, parlamentar que é coordenadora da Bancada Feminina na Câmara dos Deputados.

“Uma conquista que continua sagrada. Há quem culpe a democracia pelos erros do Estado, como por exemplo a corrupção. Ao contrário, só a democracia permite que a corrupção seja combatida da forma como está sendo, no caso da Petrobras. Porque é democracia que permite que um Estado não esconda seus erros, como sempre o fez quando era autoritário (ditadura militar), avalia Jô Moraes.

De Brasília, Tatiana Alves