Movimento feminista e parlamentares participam de Ato para defender a cassação do mandato do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) na Câmara dos Deputados.  A manifestação ocorreu durante a cerimônia de encerramento da Campanha "16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher”, nesta quarta-feira (17), no auditório Nereu Ramos.

O Ato tem como motivação as ofensas feitas pelo deputado na tribuna da Câmara à deputada Maria do Rosário. Em 9 de dezembro, Bolsonaro disse que não estupraria a deputada, porque "ela não merece”.

Para a coordenadora da Bancada Feminina, Jô Moraes (PCdoB-MG), é lamentável que durante a campanha dos 16 dias de ativismo, com intensa mobilização na Casa, tenha acontecido uma violência contra a mulher. “Se a Câmara não punir alguém, que, em seu Plenário, incita o crime, será desmoralizada perante a sociedade”, afirma.

Para Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB na Câmara, nenhum deputado, seja mulher ou homem, pode admitir um comportamento desse tipo. A Casa não pode aceitar que Bolsonaro se utilize do microfone e do Parlamento brasileiro para “ameaçar de estupro uma parlamentar”.

Sobre a campanha

A campanha "16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres" foi criada em 1991 por 23 feministas de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), nos Estados Unidos (EUA). Trata-se de uma mobilização educativa e de massa, que luta pela erradicação desse tipo de violência e pela garantia dos direitos humanos das mulheres. A campanha é realizada em 159 países.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada quatro mulheres é vítima de abusos sexuais por seu parceiro, e quase metade das mulheres que morrem por homicídio é assassinada por seus parceiros atuais ou anteriores. Mas a violência contra a mulher assume diversas formas: agressão física, sexual, assédio psicológico, coerção, entre outras.

A luta da campanha é, também, por mais direitos e por uma maior participação das mulheres nos cargos de poder. Dados da União Interparlamentar da Organização das Nações Unidas indicam que o Brasil tem um dos piores índices de participação feminina na política, ocupando a 158ª posição entre 190 países.

Para Jô Moraes, é preciso capacitar, criar programas de apoio e realizar campanhas de incentivo às mulheres para que possam participar mais ativamente dos processos decisórios.  “É um vexame que tenhamos essa participação em um país com maioria feminina”, lamentou.

Bandeira também defendida pela União Nacional dos Estudantes (UNE). Assista ao vídeo:

 

De Brasília, Tatiana Alves