Gritos, palavras de ordem e xingamentos vindos das galerias do Plenário da Câmara inviabilizaram o trabalho dos parlamentares esta semana. Em uma sessão em que se deveria votar os vetos presidenciais e a mudança da meta fiscal deste ano (PLN 36/14), ofensas à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) causaram revolta em deputados e senadores, resultaram no esvaziamento das galerias e na interrupção dos trabalhos legislativos. Leia também: Manifestação impede votação na mudança da meta fiscal

Para a Bancada do PCdoB na Câmara, a atitude dos manifestantes é inaceitável e perpetua um sentimento revanchista da oposição pela derrota nas eleições de 2014. “Chegaram ao cúmulo de levar uma claque ao Plenário para xingar parlamentares. É inadmissível que a oposição faça o teatro dos horrores usando o povo. Quando movimentos sociais ou minorias precisam ir às galerias é sempre difícil, mas este tipo de manifestação pode”, declara a líder da legenda na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

“Foram cenas horrorosas. Vagabunda virou palavra de ordem. Inadmissível. A direita raivosa não admite a derrota e faz de tudo para impedir as votações no Congresso”, afirma o deputado Gustavo Petta (PCdoB-SP) em referência ao xingamento usado contra a senadora da legenda enquanto defendia a aprovação do PLN. 

Não é a primeira vez que as parlamentares da legenda sofrem algum tipo de agressão. Este ano, as deputadas Manuela d’Ávila (RS) e Jandira Feghali foram ameaçadas nas redes sociais por defenderem seus ideais no Parlamento. Além delas, em maio, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também foi agredida verbalmente pelo secretário-geral da Mesa Diretora da Câmara, enquanto protestava da tribuna na Casa contra o fim abrupto de uma sessão solene que homenageava os 90 anos da Coluna Prestes. 

“A Bancada do PCdoB tem enorme protagonismo de mulheres, o que gera essa reação enlouquecida e machista da direita. Mas ontem foi um show de horrores. Senhoras bem vestidas e mesmo parlamentares gritando palavrões. No entanto, índios e trabalhadores sempre são silenciados e retirados pela polícia legislativa quando vem aqui reivindicar seus direitos”, diz Manuela d’Ávila.

“Vá pra Cuba”

Os manifestantes negaram o xingamento. Afirmaram que o que foi dito foi “vai pra Cuba”. Para a coordenadora da Bancada Feminina na Câmara, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), a cacofonia foi uma saída “esperta” da oposição. “Eles sabidamente transformaram vagabunda em vá pra Cuba. Mas os xingamentos foram claros. Fazer oposição é rebaixar demais o debate que devia ser feito no Parlamento”, diz.

De Brasília, Christiane Peres