A queda na renda das mulheres e na paridade salarial para funções similares em relação aos homens tirou nove posições do Brasil no ranking mundial de igualdade de gênero em 2014, em comparação com 2013, de acordo com dados do relatório Global Gender Report, produzido anualmente pelo Fórum Econômico Mundial. O Brasil está no 71º lugar entre 142 nações pesquisadas. No ano passado, o país ocupava a 62ª posição, mesmo já tendo atingido o grau de igualdade absoluta nos quesitos educação e saúde.

Segundo o relatório, a pontuação (numa escala onde 1 é considerado igualdade máxima) de igualdade de renda da mulher passou de 0,69 para 0,59 e a paridade entre salários caiu de 0,54 para 0.51. Responde por essa conta além da economia, a mentalidade ainda atrasada do empresariado que vê a mulher como cuidadora e procriadora.

Para a coordenadora da Bancada Feminina na Câmara dos Deputados, Jô Moraes, o acompanhamento das desigualdades de gênero pelo índice do Fórum Econômico Mundial é muito importante, porque possibilita que os países façam algum nível de controle se as políticas estão sendo eficazes ou não. “No caso do Brasil, nós podemos dizer que a superação dessas desigualdades é muito lenta. No caso econômico, na  inclusão no mercado de trabalho, nós temos mantido as desigualdades salariais existentes”, avalia a parlamentar.

A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, ponderou, em nota: “é necessário que a sociedade e os organismos reconheçam a discriminação presente no mundo do trabalho e que não reflete os esforços das mulheres e o avanço das políticas públicas. Discriminação que opera diuturnamente na direção de manter os ganhos das mulheres menores do que os dos homens, quando na mesma função”.

Igualar as condições econômicas das mulheres é, no entanto, um desafio que nenhuma das nações pesquisadas alcançou plenamente. Embora nos países nórdicos os índices sejam melhores, onde a nota para diferença de ganhos é de cerca de 0.80, a média mundial é de 0.59, Isso significa que os ganhos das mulheres representam 60% do dos homens. Os números são ainda piores no que tange à participação política, cuja nota média global de 0.214.O relatório conclui que, a julgar pela evolução observada nos últimos anos, serão precisos 81 anos para que o mundo possa alcançar a paridade na área do trabalho, por exemplo.

A representação feminina teve uma leve melhora na política. Se em 2013, 52 do 594 parlamentares eram mulheres, para o período legislativo que se inicia em 2015, o Congresso contará com 59 mulheres, cerca de uma parlamentar para cada 10 homens. Assim, o Brasil saiu de um nota 0.144 para 0.148. “No caso específico do poderio político, as mulheres têm tido passos muito pequenos para a necessidade e o alcance que é preciso da sua participação política”, avalia a deputada Jô Moraes.

Já no desempenho educacional e saúde, o Brasil equipara-se a países que lideram o ranking, como Islândia, Finlândia, Noruega e Suécia. Assim como a Islândia, por exemplo, o País recebe nota 1 para educação e na saúde está até à frente com 0.98 ante 0.96. De acordo com o Fórum Econômico Global, o indicador de igualdade no Brasil teve o melhor crescimento na América Latina desde 2006, quando o relatório começou a ser feito.


De Brasília, Tatiana Alves