No estado mais rico do Brasil, seria improvável que houvesse a falta de um bem tão essencial à população como a água. Diante do transtorno enfrentado em São Paulo, a Bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados se solidariza com os paulistanos e cobra medidas para evitar um desastre ainda maior.

Há 10 anos à frente do governo de SP, o PSDB, em vez de resolver o problema, tenta fugir da responsabilidade pela má gestão dos recursos hídricos, buscando atribuir a culpa pelo racionamento ao governo federal.

Segundo o deputado Gustavo Petta (PCdoB-SP), essa situação poderia ter sido evitada se “os interesses dos acionistas da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) não fossem colocados acima do interesse público, ocasionando a falta de investimentos. O povo sabe a verdade”. Petta cobra providências para dar um basta ao desabastecimento.

A crise na gestão dos recursos hídricos em São Paulo já atinge 2,1 milhões de pessoas. Relatórios da Sabesp, em 2004, apontavam para o risco de escassez de água e sugeriam uma abordagem de conscientização da população sobre a necessidade de economizar de água. Apesar desses levantamentos, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) demorou em admitir que era necessário fazer racionamento, o que aumentou os prejuízos.

Desde janeiro, quando se agravou a situação, o estado sofre com a falta de abastecimento de água. São 70 municípios atingidos, onde vivem 13,8 milhões de pessoas, que convivem com o racionamento total ou parcialmente. De acordo com o governo de SP, a média de desperdício de água é de 31,2%.

A crise da falta de água gerou críticas até da Organização das Nações Unidas (ONU). Conforme a relatora especial da ONU para o Direito à Água e ao Saneamento, Catarina Albuquerque, "uma parte da gravidade poderia não ser previsível, mas a seca, em si, era. Era preciso combater as perdas de água”. Catarina afirma que o estado tem um papel preventivo e “precisa garantir investimentos em momentos de abundância”.

Em pesquisa apresentada esta semana pelo Instituto DataFolha, 75% dos paulistanos acreditam que os problemas poderiam ter sido evitados. Além disso, afirmam que o governo não está fornecendo todas as informações disponíveis sobre a água.

Para Petta,  Alckmin foi alertado diversas vezes sobre o risco de o reservatório de Cantareira secar. A versão oficial do governo aponta apenas a estiagem como fator das quedas nos níveis de água. “Em parte, isso é verdade. Porém, o que não se diz é que a escassez era uma tragédia anunciada há dez anos, quando a Sabesp não deu atenção aos relatórios”, enfatizou Petta.

Iberê Lopes, estagiário de comunicação

Edição: Marciele Brum