Em extrato encaminhado neste mês aos clientes da categoria “Select” do Santander, segmento com renda mensal superior a R$ 10 mil, o banco afirma que, se a presidenta Dilma Rousseff melhorar nas pesquisas de intenção de voto, os juros tendem a subir, o câmbio a se desvalorizar e a bolsa a cair, revertendo parte das altas recentes.

A nota veio à tona na última semana, após denúncias de clientes. No último dia 25, o banco pediu desculpas e prometeu providências. Para os deputados do PCdoB, o comunicado é inadmissível e representa um “terrorismo político”.

Para líder da legenda na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), a carta do Santander explicita seu lado. “A quem serve os bancos? A carta é do Santander a clientes VIPs. Mas o que fizeram é terrorismo em proporções eleitorais e descabidas.”

Em sua página no Facebook, o deputado Gustavo Petta (SP) postou uma nota em repúdio ao Santander. “Este tipo de terrorismo político nos deixa indignados, mas não nos surpreende. É assim que age a elite financeira do país quando percebe que seu candidato vai mal nas pesquisas: parte para a tática do medo e da ameaça”, descreve o texto.

“Lei um susto. Esse banco quer escolher a presidência do meu país? Mas ele nem tem título eleitoral e nem nasceu no meu Brasil”, ironiza a deputada Jô Moraes (MG).

De capital espanhol, o Santander é o 5º maior banco e o 1º estrangeiro em atuação no Brasil. Fica atrás do Banco do Brasil, Itaú, Caixa e Bradesco. Em 2000, massificou sua operação de varejo ao comprar o Banespa, o antigo banco estatal que pertenceu ao governo paulista. Em 2013 o banco lucrou R$ 5,7 bilhões e apenas no primeiro semestre de 2014 o lucro foi de R$ 1,4 bilhões de reais.

Nesta terça-feira (29), o presidente mundial do Santander, Emilio Botín, disse, no Rio de Janeiro, que uma pessoa foi demitida do banco por causa do informe. "A pessoa que foi demitida, foi demitida porque o banco achou que deveria demitir porque fez alguma coisa ruim", disse, sem dar maiores detalhes.

Durante entrevista organizada pelo jornal Folha de S.Paulo, portal UOL, SBT e Rádio Jovem Pan, nesta segunda-feira (28), no Palácio da Alvorada, Dilma afirmou que o pedido de desculpas do Santander foi "bastante protocolar" e que o episódio foi "lamentável" e "inadmissível para qualquer candidato".

Assessoria de Comunicação
Liderança do PCdoB CD
Christiane Peres