Nas últimas duas semanas o mundo tem sido bombardeado com notícias e imagens chocantes do massacre que o Governo de Israel promove na Faixa de Gaza. É intolerável que a humanidade conviva com assassinatos como os dos primos Ahed Atef, Zakaria Ahed Bakr, Mohamed Ramez Bakr e Ismail Mohamed Bakr, todos com idades entre 9 e 11 anos, mortos por duas explosões em uma praia no último dia 16 de julho. Ao todo, 230 palestinos foram mortos pelos ataques, dos quais quase 50 eram crianças.

Reunidos no dia 15 de julho em Fortaleza, no Ceará, os presidentes Dilma Rousseff, do Brasil, Vladimir Putin, da Rússia, Xi Jinping, da China, Jacob Zuma, da África do Sul, e o primeiro-ministro, Narendra Modi, da Índia, em uníssono, clamaram pela urgência na resolução de uma situação que já perdura por quase sete décadas: o reconhecimento da existência do Estado da Palestina nas fronteiras internacionalmente acordadas.

É preciso garantir os Direitos Humanos historicamente consolidados no plano internacional e a materialização de uma assistência humanitária efetiva ao povo palestino que vive em situação de violação ao princípio da dignidade da pessoa humana – paradigma civilizatório universal afirmado na Declaração Universal dos Direitos Humanos desde a Carta Magna das Nações Unidas, assinada em 1945.

Como bem disse o escritor uruguaio Eduardo Galeano à época da ofensiva israelense de 2012, “quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos?” Ao fazê-lo, nega a existência de um povo palestino e tenta impor midiaticamente a pecha de terroristas sobre a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Ao mesmo tempo, promove um genocídio de civis contando com um dos maiores e mais bem equipados aparatos militares de todo o mundo frente a um povo desarmado e encurralado por um muro que envergonha a humanidade.

O Partido Comunista do Brasil sempre defendeu a existência do Estado Palestino, como também defende a existência do Estado de Israel. Defende a irmandade entre os povos e a política de paz naquela região. Nunca deixou de registrar a ingerência externa e a articulação entre o Governo de Israel e o imperialismo norte-americano. Denuncia a ofensiva militar beligerante e desproporcional do governo israelense sobre um povo desigualmente armado, quase em prisão perpétua dentro do que sobrou ao povo palestino: os territórios de Gaza e Cisjordânia.

A Palestina tem uma história. Sua trajetória e cultura deixaram marcas profundas na humanidade. Do seu solo brotaram originalmente as oliveiras, árvores que permeiam a tradição de palestinos e israelenses e simbolizam paz, sabedoria e eternidade. Ao esmagar as oliveiras palestinas e seu povo, o governo israelense macula a própria história. Dá ao mundo uma demonstração de desumanidade.

É preciso reagir com urgência! A solução não está na ofensiva militar desmedida. Tão pouco no massacre a que vem sendo submetido o povo palestino. Sem diálogo não haverá acordo e enquanto prevalecer a opção do Governo de Israel pelo uso da força, não haverá diálogo.

*Jandira Feghali é médica, deputada federal e líder do PCdoB na Câmara.