Em tempos de crise mundial, a economia brasileira continua crescendo. O Brasil está entre os 11 países que tiveram crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 2% ao ano, mas apesar dos investimentos feitos, o país padece da ausência de um plano nacional de desenvolvimento. A análise foi feita durante o último debate promovido pela Liderança do PCdoB na Câmara no dia 27 de maio. O debate sobre economia e desenvolvimento fechou o ciclo “As reformas de Base para o Brasil do Século XXI”, que pretende tirar reflexões e propostas para a construção de um conjunto de políticas públicas para renovar e avançar o programa de governo do país.

O ex-ministro da Fazenda e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas, Luiz Carlos Bresser, foi categórico ao afirmar que o Brasil há tempos não possui um projeto nacional de desenvolvimento e que para crescer mais precisa de um. Isso significa, segundo ele, que o país não possui uma estratégia desenvolvimentista na qual a coordenação da economia é realizada pelo Estado e o mercado. Bresser enfatizou que um país que tem um projeto de desenvolvimento além de investir precisa manter uma taxa de câmbio equilibrada.

“As pessoas não entendem o que é a taxa de câmbio. Ela é uma coisa perversa porque quando ela se aprecia como tem se apreciado no Brasil, todo mundo fica contente porque tudo fica mais barato. Mas isso é muito ruim, porque impede os empresários de investir. Quer dizer, as empresas estrangeiras ficam com custos mais baixos que os nossos. Então nesse projeto nacional de desenvolvimento você precisa ter uma taxa de câmbio que seja competitiva, mas para isso os políticos não podem ser populistas e precisam bancar essas taxas”, destacou.

Segundo Bresser, uma ação assim mantém o desenvolvimento do país alinhado com o crescimento econômico, num arranjo verdadeiro. “Não teremos crescimentos artificiais de salário e consumo. Vamos ter consumo? Vamos sim, mas consumo que vem do crescimento econômico, vem do Brasil voltar a exportar manufaturados fortemente, e não virar como está virando, um mero exportador de primários. Estamos reprimarizando a economia e é isso que explica as baixas taxas de crescimento”, afirmou.

Nos últimos anos – desde o início do governo Lula – o país aumentou a intervenção do Estado e vem tentando formar uma coalizão de classes desenvolvimentista atraindo os empresários industriais. Além disso, distribuiu renda.

Para Denísio Liberato, da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, medidas recentes melhoram as condições de competitividade da economia e reduzem gargalos estruturais. De acordo com ele, o Brasil passou cerca de 30 anos sem investir em infraestrutura, por exemplo. “Não tivemos grandes investimentos em rodovias, portos, aeroportos, toda a logística associada à distribuição de produtos. O que o governo vem tentando é desencadear um processo de concessões desses serviços, além de investimento associados à ampliação do parque energético e a um baita investimento em petróleo e gás. Isso vai fazer com que a economia cresça numa velocidade maior nos próximos anos. E se possa melhorar os estoques de capital da economia que é essencial para um maior desenvolvimento”, pontuou.

Luiz Antônio Elias, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destacou a necessidade de investimento em pesquisa e tecnologia. Segundo ele, desde o governo o Lula vem sendo feita uma opção do governo federal de expandir o mercado interno, melhorar a distribuição de renda, trazendo cada vez mais classes para o mercado de consumo interno, e ampliar a geração do emprego através da recuperação do salário mínimo. “Isso tem um impacto significativo em toda a estruturação de investimento. Também investimos de forma sistêmica o que chamamos de sistema nacional de ciência tecnologia e inovação. Isso permite que o Brasil responda mais rapidamente à crise e impulsione suas cadeias locais com agregação de valor e com maior capacidade de resposta inclusive na exportação.”

Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), o debate apresentou novas questões que contribuirão para a renovação da plataforma política do partido. “Esse debate nos colocou novos desafios, novas questões e nos vai fazer refletir bastante. Eu espero que a gente consiga aproveitar esse conjunto de dados, de informações, de provocações, para elaborar um pensamento mais avançado e ajudar o país a avançar também.”

Assessoria de Comunicação
Liderança do PCdoB CD
Christiane Peres