A meta é colher mais de um milhão de assinaturas e, mediante pressão popular, pautar um tema que tem enfrentado forte resistência dentro do Congresso Nacional há quase vinte anos. Não é difícil entender os motivos que impedem os avanços. A contribuição das pessoas jurídicas no financiamento das campanhas representa mais de 95% do total investido. Acabar com esta fonte de financiamento significa inverter a lógica das campanhas, devolvendo o protagonismo ao debate de ideias e não para a força do poder econômico.

A Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas divulgou em cartilha dados de pesquisa realizada pelos professores Daniel Sarmento e Aline Osório, da UFRJ, intitulada "Uma mistura tóxica: poética, dinheiro e financiamento das eleições”. Os números são estarrecedores. Nas eleições de 2010 1% dos doadores de campanha contribuiu com 61% do total das contribuições e 10% deles com 22%. A mesma cartilha informa que em 2002 os gastos gerais da campanha eleitoral somaram R$ 827 milhões. Em 2010 este valor saltou para R$ 4,9 bilhões.

Pesquisa da OAB revela que 78% da população são contra o financiamento de campanhas por empresas. 90% são favoráveis a punições mais rigorosas para a prática de “caixa 2”. 92% defendem o projeto de lei de reforma política de iniciativa popular. O Congresso Nacional não pode fechar os olhos para esta pauta. Os parlamentares que defendem a aprovação do projeto já são mais de 170, mas sozinhos não conseguiremos pautar a matéria e aprová-la.

Precisamos, novamente, unir forças. Sociedade e Parlamento. Parceria já exitosa por duas vezes. Vamos juntos para as ruas. Vamos exigir a aprovação de uma proposta pela democracia brasileira.  Duas Coalizões, a das entidades e a parlamentar, unidas no esforço para que isso se torne realidade. Contamos com a adesão maciça da sociedade. Mais uma vez, sua assinatura vai virar lei!

*Médica, deputada federal (RJ) e líder da bancada do PCdoB na Câmara.