O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou nesta quinta-feira (27) estudo 'Tolerância social à violência contra as mulheres'. O Instituto ouviu 3.810 pessoas em 212 cidades entre maio e junho de 2013. A pesquisa mostra que 58,5% dos entrevistados concordam totalmente (35,3%) ou parcialmente (23,2%) com a frase "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros". Segundo o levantamento, 37,9% discordam totalmente (30,3%) ou parcialmente (7,6%) da afirmação – 3,6% se dizem neutros em relação à questão.

65% dos entrevistados concordaram que a mulher que usa roupa que mostra o corpo merece ser atacada, 42,7% concordaram totalmente, e 22,4%, parcialmente.

Para a deputada Luciana Santos (PE), vice-presidente do partido, os números não são exatamente inesperados. “Sabemos da grande carga cultural que envolve as questões que dizem respeito à mulher, mas olhar a estatística nos dói de uma maneira diferente. Essa inversão de papéis entre agredidas e agressores não pode mais ser tolerada. É preciso combater a cultura do machismo que responsabiliza a mulher pela brutalidade, pela ignorância e pela violência”, afirma a parlamentar. 

Questionados se "tem mulher que é pra casar, tem mulher que é pra cama", 54,8% dos entrevistados concordam totalmente ou parcialmente com a frase. O que reforça o argumento da deputada Luciana Santos (Leia artigo aqui).

O deputado João Ananias (CE) discorda, veementemente, da postura dos que se manifestaram na pesquisa do Ipea. "É um absurdo, além de ser vítima natural da violência física e sexual, ainda tentam culpabilizar a mulher. É um cinismo inominável." Para Ananias é esse sentimento de propriedade que o homem tem em relação à mulher que estabelece a violência física e sexual.

Das 3.810 pessoas entrevistadas, dois terços são mulheres. “Quando as mulheres dizem que outras mulheres 'merecem ser atacadas' por conta de suas roupas nos dá um sinal grave sobre nossa sociedade. Quando alguém sinaliza isso, passa a responsabilidade também para a vítima, o que é um completo absurdo”, avalia Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB na Câmara.

Para a coordenadora da Bancada Feminina, Jô Moraes (MG), as respostas revelam que “nós temos que ter uma ação proativa para combater a coisificação da mulher, sobretudo da propaganda comercial. Só isso pode justificar tamanha deformação das próprias mulheres em torno de si mesmas, do seu valor e da sua cidadania”.

Assessoria de Comunicação
Liderança do PCdoB CD
Tatiana Alves