Mara Rúbia relatou as agressões sofridas, o descaso das autoridades locais diante de suas denúncias anteriores ao crime e o dia de horror vivido em 29 de agosto deste ano, em Goiânia.  “Ele usou o fio do telefone para me  enforcar,  amarrou minhas as mãos para que eu não pudesse me movimentar. Depois de bater muito, ele pegou uma faca na cozinha e furou meu olho esquerdo. Eu desmaiei  e então ele abriu o outro olho e furou também”, narrou.

As parlamentares presentes ficaram chocadas e emocionadas com o relato. A advogada da vítima informou que o Ministério Público do Estado de Goiás emitiu, na semana passada,  parecer considerando que o ex-marido não teve a intenção de matar a vítima, aconselhando desqualificar o crime de tentativa de homicídio para lesão corporal. Disse ainda que Mara, apesar do quadro de invalidez ocasionado pela deficiência visual, tem enfrentado dificuldades para conseguir uma aposentadoria, junto ao INSS, devido à burocracia.

“Ela sofreu sucessivos problemas, erros do Estado e que demonstram que nós não podemos ficar calados. Ela, por sete vezes solicitou medida protetiva. Ela chegou a escutar da delegada: A senhora acha que esse papel de medida protetiva, uma lei que vigora neste País, vale alguma coisa?”, disse Jô Moraes (PCdoB-MG), presidente da Bancada Feminina.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) classificou o crime como “medieval”.  “É doloroso assistir o depoimento dessa jovem. Esse caso deve ser simbólico, assim como ocorreu com Maria da Penha”.

As deputadas prometeram ajudar no caso.  Hoje, as parlamentares da bancada Feminina se encontraram  com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Previdência Social, Garibaldi Alves, a pedido do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves.

Para a  senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que também é procuradora da Mulher do Senado, a cegueira levou ainda Mara perder a guarda do filho e ter o pedido de aposentadoria negado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) porque a sua assinatura era incompatível com a original.

“O estado tem de lhe garantir todas as condições, primeiro, para punir esse crime grave e, segundo, para que ela possa levar uma vida, pelo menos, digna”, destacou a senadora.

Está prevista, ainda, para a próxima terça-feira, 12, ida a Goiânia para pedir apoio ao Procurador Geral  de Justiça para que não abrace a tese do Ministério Público (MP), que entendeu que o ex-marido de Rúbia não teve a intenção de matá-la. Além disso, as deputadas esperam pressionar o governador e o secretário de segurança.


Assessoria de Comunicação
Liderança do PCdoB/CD
Tatiana Alves