A Comissão de Seguridade Social e Família recebeu na manhã de hoje, dia 06 de outubro, especialistas em saúde para tratar da patologia do déficit de atenção.
A intenção do autor do requerimento de convocação, Deputado Dr. Aluizio (RJ) é reunir informação técnica de especialistas no assunto para apresentar indicação ao Ministério da Saúde que permita o desenvolvimento de políticas públicas para o diagnóstico e a ampliação da informação sobre a patologia.
O fenômeno da atenção foi conceituado pelo especialista, Dr. Sérgio Luiz Schmidt, professor da UERJ, como sendo a capacidade que o cérebro tem de escolher estímulos e manter-se focado na sua preferência e opção.  E a partir deste conceito, diagnosticou o déficit de atenção como  a dificuldade do paciente em controlar o mecanismo neural que regula a atenção e o foco.
Foi visto na audiência que um dos principais problemas diz respeito ao diagnóstico inicial, já que o déficit de atenção pode decorrer de outras patologias como as depressões, os conflitos bipolares, a esquizofrenia, os transtornos pós-traumáticos, as dores crônicas, fatores que mal compreendidos, podem levar ao diagnóstico errado. Para ultrapassar este risco, foi indicada a necessidade de políticas públicas que montem equipes de atendimento multidisciplinares, de forma a evitar a simplificação e a confusão no diagnóstico. De preferência, combinando-se a ação do SUS com o Ministério da Educação, de maneira que a escola seja também um instrumento para a adequada atenção ao problema. O professor da UERJ lembrou os exemplos dos Estados Unidos e do Canadá como países que desenvolvem politicas adequadas de associação entre especialistas educacionais e de saúde.
A representante da ANVISA (Agencia de Vigilância Sanitária), Márcia Gonçalves Oliveira, Coordenadora do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados, expôs a metodologia de acompanhamento da agência para o controle de medicamentos no país. O metilfenidato, principal recurso medicamentoso para tratar o déficit, experimentou um crescimento de venda, entre os anos de 2002 a 2006, de 465%, com o Distrito Federal sendo a unidade da federação que mais faz uso do medicamento –  fato atribuído  ao uso inadequado da parte de “concurseiros” em busca de maior eficiência para os estudos.
A literatura sobre o assunto aponta que 40% dos portadores da deficiência, pela falta de tratamento e diagnóstico adequado, se envolvem em situações de criminalidade. Ao mesmo tempo, estudos divulgados pela Folha de São Paulo apontaram que somente 24% das crianças diagnosticadas como portadoras do déficit de atenção realmente  possuíam a patologia.
Pais e professores presentes à audiência chamaram a atenção para o fato de que a patologia sem diagnóstico é capaz de produzir enormes transtornos à família e aos ambientes de trabalho e escolares.  A escola sendo apontada como um ambiente que, ao invés de incluir, acaba por estigmatizar o aluno ante a falta de politicas públicas que orientem os sistemas de ensino para o acompanhamento e tratamento do déficit.