Em discurso, João Ananias fala da crise econômica mundial
Na ocasião, ele manifestou-se contra a proposta do FMI de demitir funcionários públicos como solução para a crise da Espanha e ressaltou que é preciso fazer como o Brasil: investir mais para que a economia cresça, o mercado interno se fortaleça e o PIB aumente como ocorreu a partir do Governo Lula.
Leia o pronunciamento na íntegra
Senhoras e Senhores Deputados,
Durante o recesso da nossa querida Câmara dos Deputados, tornou-se pública e notória a profunda crise da economia americana, gerando muitas preocupações pelos comentários no mundo capitalista. É importante que nós coloquemos que esse mundo capitalista que apregoa as leis de mercado como absolutamente atuais, levou essa crise do grande capital, que não fica apenas nos Estados Unidos. A vem rondando a economia capitalista desde 2008, com as grandes empresas, tipo Chevrolet, City Bank e tantas outras e que continua. Aí gerou um impasse nesse último episódio nos Estados Unidos. No próprio Congresso, se deveria manter o teto da dívida americana que hoje, pasmem, senhores brasileiros, é de US$14,3 trilhões. Deveria manter este teto ou aumentá-lo, o que acabou prevalecendo no acordo, o aumento do teto em mais 2,1 trilhões de dólares.
Ou seja, o endividamento americano aumenta, claro que nós não temos nada a ver com isso. E temos. Porque essas crises econômicas desse mundo capitalista globalizado acabam atingindo os países em desenvolvimento. Se vamos para a Europa, encontramos uma crise exposta, clara, na Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal, que também passa pela Inglaterra, Alemanha, Itália e países nórdicos. E aí temos que perguntar aqui, meu caro Deputado Amaury, o que está acontecendo com a economia capitalista? Exauriu a capacidade de superar a sua histórica crise, que vem se avolumando e se alastrando para nações top de linha, que antigamente a crise era para os periféricos. Com a confusão da economia que eles mesmos engendraram, não resolvem problemas crônicos da sociedade, como a profunda desigualdade ainda existente e crescente no mundo, que gera como resultado a violência, a miséria, a fome. O FMI propôs a demissão de funcionários públicos como solução para a crise da Espanha. Olhem só que cinismo! O FMI, desmoralizado desde 2008, que não encontrou soluções nem para as nações ricas, agora propõe demissão de funcionário público. Será que não seria hora de questionarmos as guerras? Será que não seria hora de vermos quanto custam as bases americanas e da OTAN mundo afora? Será que não seria hora de voltarem os soldados americanos e os outros para casa? Talvez esse fosse o receituário ético do FMI e não propor demissão de funcionários públicos para resolver uma crise que hoje é global — a crise não é mais só da Espanha, mas do mundo capitalista como um todo — , essas propostas, a meu ver, cínicas, que mostram, mais uma vez, que o FMI nunca serviu para nada, agora muito menos, porque nada resolve e propõe soluções absolutamente incompatíveis com a realidade.
Registramos nosso protesto contra essa proposta. Se hoje é com a Espanha, amanhã podem querer mostrar o receituário ao mundo, expondo exatamente a redução do tamanho do Estado. Já tentaram e não deu certo, como não deu certo em canto nenhum.
É preciso fazer como o Brasil: investir mais para que a economia cresça, o mercado interno se fortaleça e o PIB aumente, como ocorreu a partir do Governo Lula.
Obrigado Sr. Presidente