Ao iniciar a exposição, o professor José Pastore, da USP, defendeu a necessidade de um programa de formação de jovens para o mercado de trabalho, já que o percentual de desempregados nesse segmento, segundo ele, chega quatro vezes o percentual de desempregos em geral. Ao explanar sobre a terceirização de mão de obra por parte das empresas, Pastore defendeu a necessidade fiscalização constante dos serviços tercierizados  e a aprovação de uma legislação que atribua a responsabilidade solidária e subsidiária para a empresa contratante dos serviços, a fim de que o trabalhador terceirizado tenha a proteção devida.

Já o expositor Clemente Gaz, do Dieese, contextualizou o momento positivo da economia nacional, lançando como desafios a melhora do sistema de proteção ao trabalhador. De início, apontou a necessidade de repensarmos o sistema de relações de trabalho no Brasil, a fim de incentivar a negociação coletiva, inclusive no setor Público. Para ele, 3/5 das greves acontecem no setor público, sendo que 80% delas são deflagradas apenas para abrir a negociação com a administração. Defendeu ainda, nesse sentido, a agilidade no julgamento dos conflitos trabalhistas.

Ainda como desafios para o Brasil, Clemente Gaz considerou necessário o investimento em formação profissional e o combate à informalidade, já que no país há mais de 42 milhões de trabalhadores sem sistema de proteção. Gaz criticou a rotatividade no mercado de trabalho que, segundo ele, está em torno de 45%, o que considerou um número alto.   O técnico do Dieese condenou também a forma de  terceirização do emprego, que gera a precarização da mão de obra. Para amenizar esses efeitos, defendeu uma regulamentação que impeça os abusos.  Por fim, Gaz considerou necessária a aprovação da redução da jornada de trabalho, a fim de garantir mais qualidade de vida e mais emprego.

O último debatedor foi Emerson Casali, da CNI,  o qual defendeu a necessidade melhorar a atual legislação a fim de garantir proteção ao trabalhador e competitividade às empresas. Para ele, a CLT, que já conta 70 anos, é anacrônica e não acompanha a modernidade das relações trabalhistas, gerando, assim a insegurança jurídica no setor. Considerou-a também onerosa, principalmente quanto aos encargos, o que, segundo ele, dobra o custo da produção.
Casali afirmou ainda que há um excesso de dispositivos legais sobre a questão trabalhista no Brasil e que, por isso, há mais indução ao conflito judicial e pouco estímulo ao diálogo, gerando restrição à produção aumentando o custo da burocracia. Segundo ele, isso precisaria mudar, para que trabalhadores tenham proteção e empregadores, segurança jurídica.

Ao final da audiência pública, o presidente da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, Silvio Costa, anunciou que pretende colocar em discussão e, se possível, votação, no âmbito da comissão, o PL 1992/2007 que trata da aposentadoria complementar para servidores públicos federais e o texto que ratifica a convenção 158, da OIT, que dispõe sobre a proteção ao trabalhador contra a demissão imotivada.

A reunião aconteceu no Plenário 12 da Ala das Comissões da Câmara dos Deputados.