Esta semana, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News recebeu a deputada – e ex-líder do governo Bolsonaro – Joice Hasselmann (PSL-SP). Em um dos depoimentos mais esperados após o racha pesselista, Joice afirmou que bolsonaristas utilizam dinheiro público para espalhar fake news. Segundo ela, parlamentares ligados ao governo federal usam assessores de seus gabinetes para promover ataques virtuais contra desafetos. Um dos acusados por Joice foi o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro.

Além de Eduardo, Joice citou os deputados estaduais do PSL Douglas Garcia (SP), Gil Diniz (SP) e Alana Passos (RJ). Também mencionou três servidores comissionados do Palácio do Planalto, que compõem o grupo conhecido como “gabinete do ódio”. Segundo a deputada, todos esses assessores são empregados com a função de organizar redes de ataques, o que pode configurar improbidade administrativa.

“Não estamos falando de fofoquinha de WhatsApp. É uma organização criminosa que funciona de maneira coordenada. Há dinheiro público. Escolhe-se um alvo, combina-se o ataque, em questão de minutos temos uma mensagem espalhada para o Brasil inteiro. É uma sensação passada para que muitos fiquem atemorizados com 'o levante da internet'”, explicou.

Segundo levantamento da deputada, somente as contas oficiais do presidente Jair Bolsonaro e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, contam com 1,87 milhão de robôs.

Para o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), as revelações trazidas por Joice são revoltantes e mostram, mais uma vez, que Jair Bolsonaro não é digno de ocupar a Presidência da República.

“Não tem como dizer que o presidente Jair Bolsonaro não sabe das atitudes dos filhos Eduardo, Carlos e Flávio, e dos “irmão”, como o Queiroz e a turma do condomínio. Joice, que viveu nas entranhas do sistema de poder, nos apresenta que o esquema Bolsonaro de poder é assentado na mentira. Não é correto estruturar a política, ganhar a eleição e governar na mentira. Portanto, Bolsonaro é indigno de ocupar a Presidência”, afirmou.

Financiamento

A relatora da CPMI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), pediu foco na investigação do financiamento da chamada “milícia digital”. Ela considerou as acusações muito graves, em especial, a confirmação da existência do chamado “gabinete do ódio”.

“Como foi aqui demonstrado, há três núcleos: o operacional, que conta com assessores de deputados estaduais e federais; o distribuidor, que envolve sites e blogs; e o núcleo econômico, que todos queremos identificar. Nós agora devemos fazer o caminho do dinheiro”.

Citado nas denúncias de Joice, o deputado Eduardo Bolsonaro está em missão oficial em países do Oriente Médio.

Explicações

O deputado Rui Falcão (PT-SP) apresentou requerimento com pedido de explicações formais por parte do Palácio do Planalto. A Oposição também cobra informações sobre suposta articulação do vereador Carlos Bolsonaro para criar uma “mídia paralela” e uma “Abin paralela”, agindo independentemente da Agência Brasileira de Informação (Abin).

Joice Hasselmann também denunciou a existência de 26 mil robôs entre os 164 mil seguidores da Aliança pelo Brasil, partido que está em fase de criação pelo grupo mais próximo ao presidente Bolsonaro. Deputados temem que a recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de aceitar a assinatura digital para a criação de partidos políticos aumente o risco de fraude por meio de robôs.