A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) criticou nesta quinta-feira (14) o veto de Jair Bolsonaro à nomeação do trecho da BR-153 entre Cachoeira do Sul (RS) e Marabá (PA) como Presidente João Goulart. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta e na avaliação da parlamentar reforça posicionamento de Bolsonaro como garoto propaganda do fascismo.

“João Goulart foi um presidente cassado, perseguido, imolado pela ditadura e que, sem dúvida, honra a história do nosso povo. Minha homenagem a esse líder e minha indignação para esse presidente que nada representa a democracia brasileira. Lutaremos pela derrubada desse veto”, destacou a parlamentar, que ao fazer a crítica prestou homenagem a João Vicente Goulart, filho de Jango e membro da direção nacional do PCdoB.

João Goulart assumiu a Presidência da República, em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros. Em 1964 foi deposto pelos militares após o golpe – defendido e celebrado por Bolsonaro.

Como justificativa, Bolsonaro afirmou que a homenagem contraria o interesse público, uma vez que trecho passaria por oito estados e “não consideraria a especificidade de cada estado”. “Poderia representar descompasso com os anseios e as expectativas da população de cada unidade federativa abrangida pela Rodovia”, diz a justificativa. No despacho, Bolsonaro afirmou ainda que “busca-se que personalidades da história do país possam ser homenageadas em âmbito nacional desde que a homenagem não seja inspirada por práticas dissonantes das ambições de um Estado Democrático”. A decisão do presidente seguiu recomendação da Casa Civil e do Ministério da Infraestrutura.

Presidente da Comissão de Cultura da Câmara, Alice repudiou os argumentos do presidente. “Bolsonaro, além de não governar, continua a ser um garoto propaganda dos métodos fascistas em nosso país. No início de seu governo, decidiu comemorar com as devidas honras o golpe militar de 64, tentando denominá-lo como o dia da liberdade. Infelizmente, ele veta uma proposta parlamentar que também foi votada na Comissão de Cultura. Passou na Comissão de Cultura ainda em 2013. E ele veta a matéria e diz que essa matéria envolve práticas dissonantes das ambições de um Estado democrático de direito. O parecer veio da Casa Civil. O parecer veio do Ministério da Integração Nacional. E, na verdade, o intuito é apagar o nome de João Goulart da história deste país. Não vamos permitir”, declarou.

A homenagem foi proposta em 2011 pelo então senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).