Brasília, segunda-feira, 7 de março de 2022 - 12:40
PALAVRA DO LÍDER
O mundo precisa de paz e não de guerra
Por: Renildo Calheiros
“Em defesa da paz, do respeito à soberania das nações e da autodeterminação dos povos”

Russos e Ucranianos são povos que deram enorme contribuição à humanidade, inclusive colaboraram enormemente na derrota do Nazismo e de Hitler. É lamentável que hoje estes países estejam em guerra como resultado de uma política dos EUA e da OTAN de tirar a batata quente do fogo com as mãos dos outros, no caso, dos Ucranianos. São povos vizinhos que compartilham história, cultura e fronteiras, que formavam juntos a URSS. Inclusive, o ucraniano Leonid Brejnev já comandou toda União Soviética, da mesma forma que vários Russos já exerceram esse papel.
Durante a guerra fria em 58 e 59, o presidente americano Eisenhower colocou mísseis balísticos com ogivas nucleares na Turquia usando a OTAN como instrumento. Moscou e São Petersburgo ficaram ao alcance destes mísseis.
Em 62, Khrushchev e Fidel Castro responderam fazendo um acordo para alocação de mísseis nucleares em Cuba para evitar uma invasão de Havana. Os EUA fotografaram as instalações e não aceitaram, nem parecia ser o mesmo país que instalou misseis na Turquia. O mundo esteve à beira de viver a 1º guerra nuclear de sua história. Militares americanos aconselharam que os EUA destruíssem os mísseis e invadissem CUBA.
Mas surgiram as negociações feitas por Washington e Moscou, diretamente por Kennedy e Khrushchev. Ao final, o caminho diplomático conseguiu que a União Soviética removesse os mísseis sob supervisão da ONU e os EUA assumiram o compromisso de não invadir Cuba e ainda retirar os mísseis americanos da Turquia.
A Guerra Fria acabou há mais de 30 anos. Estes dias foram revisitados no discurso de Joe Biden. O que ocorre atualmente é que a Rússia Capitalista está em guerra contra a Ucrânia Capitalista.
O que gerou esta guerra?
Nas últimas décadas os EUA e a OTAN realizam uma política expansionista agressiva na direção do Leste Europeu. Estimulam desavenças, intrigas, contradições, conflitos. Buscam cercar a Rússia e levar confusão para suas fronteiras. Ao longo desses anos, Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Romênia, Eslovênia, Croácia, Montenegro, Albânia, Macedônia do Norte e Bulgária entraram para a OTAN e formaram um cinturão armado em torno da Rússia. Os Russos reclamam há vários anos, EUA e OTAN fazem ouvidos de mercador e avançam, é o tal do “se colar colou”, desta vez não colou. A Rússia reagiu fortemente contra a entrada da Ucrânia na OTAN. Basta olhar o mapa para se compreender o significado geopolítico deste movimento.
A decadência dos EUA não pode ser recuperada por este caminho. Vejamos o que disse Henry Kissinger, Secretário de Estado dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, um dos mais influentes diplomatas Norte-americanos da história:
“Para que a Ucrânia sobreviva e prospere, não deve ser o posto avançado de nenhum dos lados contra o outro – deve funcionar como uma ponte entre eles.”
A busca por uma saída pacífica passa pelo fim do cerco da OTAN às fronteiras russas.
Em 2014 Kissinger já defendia que:
“A Ucrânia deve seguir uma postura comparável à da Finlândia. Essa nação não deixa dúvidas sobre sua feroz independência e coopera com o Ocidente na maioria dos campos, mas evita cuidadosamente a hostilidade institucional em relação à Rússia.”
Este artigo do Kissinger é de 2014.
Hoje se faz necessário encerrar o cerco militar da OTAN e dos EUA à Rússia, se faz necessário acabar a guerra, se faz necessário a “paz verdadeira” e não o discurso de paz que impulsiona e gera guerra. Não cabe OTAN e EUA, que conhecemos bem, fazerem cara de bons moços. Era evidente que cercado e fustigado em suas próprias fronteiras, em algum momento a Rússia, com todo poderio que possui iria reagir. O próprio Joe Biden, várias vezes afirmou isso, mas não se dispôs a retirar o motivo do conflito.
Nunca é demais lembrar que em 2014 EUA e OTAN ajudaram a derrubar um presidente legitimamente eleito na Ucrânia pelo fato dele ter decidido não ingressar na OTAN.
EUA e OTAN não têm o direito de usar o povo ucraniano como boi de piranha. Com a guerra perdem as famílias, os civis, as crianças, o patrimônio histórico e a humanidade.
PELO FIM DA GUERRA E PELO FIM DA EXPANSÃO DA OTAN
*Deputado federal por Pernambuco e líder do PCdoB na Câmara. Publicado originalmente na revista Fórum.
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