O papel dos bancos e a contribuição do mercado de capitais de financiamento de longo prazo para a retomada do crescimento do país voltou a ser discutido, durante seminário promovido nesta terça-feira (21) pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara.

Autora do requerimento, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) destacou na abertura do evento que – ante as incertezas no cenário político e econômico – o papel do setor financeiro ganha relevo no debate sobre sua contribuição na retomada sustentável do crescimento.

“Os acontecimentos mais recentes, como a pandemia de Covid-19 e as incertezas no cenário político e econômico, nacional e internacional, tem trazido desafios importantes para a nação, que se vê diante da aceleração da inflação, por questões locais e também por questões internas. É muito importante que a gente faça esse debate aqui sobre como financiar tanto a vida das famílias, como a vida das empresas e o desenvolvimento do nosso país”, afirmou.

A deputada lembra que, ao longo das duas últimas décadas, as instituições financeiras têm experimentado mudanças importantes em suas formas de atuação devido ao avanço da agenda de sustentabilidade, mudanças climáticas e inclusão social.

Convidados

Na mesa de abertura, estavam representantes de entidades como Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

O presidente da Febraban, Isaac Sidney, apontou que o país não tem tido a capacidade de ampliar os recursos que são injetados na economia. “Nós precisamos reconhecer que o país mantém nas últimas décadas investimentos medíocres, investimentos baixos”, observou.

Para a presidente da ABDE, Jeanette Lontra, é necessário diálogo e a união de forças para encontrar soluções inovadoras e traçar caminhos que impulsionem a retomada do crescimento. Ela lembrou também a importância dos bancos públicos nesse processo.

“Crédito é um instrumento chave para girar a atividade econômica. Mas não queremos qualquer investimento. Queremos atrair e promover investimentos qualificados, que gerem emprego e renda e estejam comprometidos com as questões ambientais e sociais”, defendeu.

Segundo Leandro Domingos Teixeira, vice-presidente financeiro da CNC, o Brasil enfrenta ainda duros desdobramentos socioeconômicos da pandemia da Covid-19, “com impactos na empregabilidade, aumento da pobreza, um grande número de falências e a necessidade de um mercado de crédito muito mais eficiente”.

O presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, deputado Sidney Leite (PSD-AM), ressaltou que o país deve ter uma política industrial para a retomada do desenvolvimento.

“Precisamos ter política de financiamento para que o Brasil possa retomar o desenvolvimento econômico gerando emprego e renda, sem perdermos a perspectiva de investimento na educação, na melhoria da qualidade da formação dos nossos trabalhadores”, disse.