Mais de dois mil militantes de diversas entidades ligadas à esquerda lotaram durante todo o sábado (5) o Hall das Bandeiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para o lançamento da Frente Brasil Popular. O movimento pretende confrontar o avanço de uma pauta conservadora imposta ao país, enfrentar a intolerância e a atitude antidemocrática com unidade e com uma agenda política que mostre um caminho para o Brasil, além de defender o mandato da presidenta Dilma Rousseff.

O movimento tem apoio de entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST), Federação Única dos Petroleiros (FUP) e Via Campesina, além de partidos como PCdoB, PT e parte do PDT. Segundo a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), o movimento expressa o desejo de sair da defensiva e ir para a ofensiva com uma agenda para o Brasil.

“A intenção é negociar a agenda com o governo e com os partidos da base de sustentação no Congresso. Essa agenda incorpora a defesa de uma política industrial e inovação”, afirma a parlamentar, em referência à Pauta da Virada – documento sistematizado por líderes da Câmara em contribuição à Agenda Brasil, anunciada pelos senadores. Conheça o documento

Para a presidente da UNE, Carina Vitral, a frente será um importante instrumento para combater as tentativas de afastar Dilma Rousseff da presidência da República. “Essa frente nacional rearticula os movimentos sociais para enfrentar a crise política e econômica em curso no país, para manter as nossas conquistas e nossos direitos. Vamos combater e repudiar toda tentativa de golpear a democracia”, defende.

Foi a primeira vez, desde as Diretas Já, em 1984, que uma ampla coalizão de lideranças e representações de movimentos populares, sociais, sindicais, estudantis, forças e representações políticas de esquerda estiveram juntas para defender o Estado democrático.

Durante o lançamento da frente foi decidida a realização de um ato nacional em defesa da Petrobras, no dia 3 de outubro, data em que se comemora o aniversário da estatal. Também participaram do evento os deputados do PCdoB mineiro Jô Moraes e Wadson Ribeiro.

Confira abaixo o manifesto lido no evento:

Manifesto ao Povo Brasileiro

Vivemos um momento de crise. Crise internacional do capitalismo, crise econômica e política em vários países vizinhos e no Brasil.

Correm grave perigo os direitos e as aspirações fundamentais do povo brasileiro: ao emprego, ao bem-estar social, às liberdades democráticas, à soberania nacional, à integração com os países vizinhos.

Para defender nossos direitos e aspirações, para defender a democracia e outra política econômica, para defender a soberania nacional e a integração regional, para defender transformações profundas em nosso país, milhares de brasileiros e brasileiras de todas as regiões do país, cidadãos e cidadãs, artistas, intelectuais, religiosos, parlamentares e governantes, assim como integrantes e representantes de movimentos populares, sindicais, partidos políticos e pastorais, indígenas e quilombolas, negros e negras, LGBT, mulheres e juventude, realizamos esta Conferência Nacional onde decidimos criar a Frente Brasil Popular.

Nossos objetivos são:

1- Defender os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras: melhorias das condições de vida, emprego, salário, aposentadoria, moradia, saúde, educação, terra e transporte público!

Lutamos contra o atual ajuste fiscal e contra todas as medidas que retiram direitos, eliminam empregos, reduzem salários, elevam tarifas de serviços públicos, estimulam a terceirização, ao tempo em que protegem a minoria rica. Defendemos uma política econômica voltada para o desenvolvimento com distribuição de renda.

Lutamos contra a especulação financeira nacional e internacional, que transfere para uma minoria, por vias legais ou ilegais, através da corrupção e de contas bancárias secretas, parte importante da riqueza produzida pelo povo brasileiro!
Lutamos por uma reforma tributária que – por meio de medidas como o imposto sobre grandes fortunas e a auditoria da dívida – faça os ricos pagarem a conta da crise.

2 – Ampliar a democracia e a participação popular nas decisões sobre o presente e o futuro de nosso país.

Lutamos contra o golpismo – parlamentar, judiciário ou midiático – que ameaça a vontade expressa pelo povo nas urnas, as liberdades democráticas e o caráter laico do Estado!

Lutamos por uma reforma política soberana e popular, que fortaleça a participação direta do povo nas decisões políticas do país, garanta a devida representação dos trabalhadores, negros e mulheres, impeça o sequestro da democracia pelo dinheiro e proíba o financiamento empresarial das campanhas eleitorais!

Lutamos contra a criminalização dos movimentos sociais e da política, contra a corrupção e a partidarização da justiça, contra a redução da maioridade penal e o extermínio da juventude pobre e negra das periferias, contra o machismo e a homofobia, contra o racismo e a violência que mata indígenas e quilombolas!

3 – Promover reformas estruturais para construir um projeto nacional de desenvolvimento democrático e popular: reforma do Estado, reforma política, reforma do Poder Judiciário, reforma na segurança pública com desmilitarização das Polícias Militares, democratização dos meios de comunicação e da cultura, reforma urbana, reforma agrária, consolidação e universalização do Sistema Único de Saúde, reforma educacional e reforma tributária!

Lutamos pela democratização dos meios de comunicação de massa e pelo fortalecimento das mídias populares, para que o povo tenha acesso a uma informação plural, tal como está exposto na Lei da Mídia Democrática.

4 – Defender a soberania nacional: o povo é o dono das riquezas naturais, que não podem ser entregues às transnacionais e seus sócios!
Lutamos em defesa da soberania energética, a começar pelo Pré-Sal, a Lei da Partilha, a Petrobras, o desenvolvimento de ciência e tecnologia, engenharia e de uma política de industrialização nacional!

Lutamos em defesa da soberania alimentar e em defesa do meio ambiente, sem o qual não haverá futuro.

Lutamos contra as forças do capital internacional, que tentam impedir e reverter a integração latino-americana.

Convidamos a todas e a todos que se identificam com esta plataforma a somar-se na construção da Frente Brasil Popular.

O povo brasileiro sabe que é fácil sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho. Mas sabe, também, que sonho que se sonha junto pode se tornar realidade.

Vamos lutar juntos por nossos sonhos!

Viva a Frente Brasil Popular!

Viva o povo brasileiro!

Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, Setembro de 2015

*Com infomações do Portal Vermelho e do Brasil 247.