As cores lilás, branca e amarela tomaram a Esplanada dos Ministérios esta semana. Trabalhadoras do campo, da floresta, das águas e das cidades trouxeram suas bandeiras de luta para pôr fim à violência contra as mulheres e pela igualdade de direitos. A Marcha das Margaridas é uma homenagem a Margarida Alves, que teve sua vida ceifada pelo latifúndio há 32 anos. A coragem delas está expressa na frase da líder sindical: “prefiro morrer na luta a morrer de fome". Confira nossa cobertura fotográfica.

Nesta quarta-feira (12), o gramado em frente ao Congresso Nacional foi tomado por manifestantes de todos os cantos Brasil. Mais de 70 mil mulheres trouxeram reivindicações importantes e exaltaram algumas conquistas alcançadas, como a Lei Maria da Penha, que completa nove anos em 2015, e a inauguração da Casa da Mulher Brasileira, que abriga mulheres vítimas de violência doméstica. Mas este ano, o principal grito foi em defesa da democracia.

A secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alessandra Lunas, destacou que a militância tem consciência do momento difícil que o país atravessa, mas que estará firme para avançar nas mudanças necessárias à volta do crescimento econômico e da estabilidade política. “Estaremos nas ruas quantas vezes for necessário para defender o projeto que acreditamos, para defender a democracia, para dizer que as Margaridas estão unidas contra qualquer forma de violência e preconceito contra a mulher”, afirmou.

De acordo com a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), presidente nacional do PCdoB, a marcha foi fundamental para demonstrar de que lado o povo está. “O conservadorismo político e a ofensiva raivosa contra a presidenta não passarão! Neste momento da nossa vida política se torna ainda mais importante que milhares de mulheres venham a Brasília para dizer que o Brasil precisa olhar mais para aquelas que vivem e trabalham no campo”, destacou.

Os parlamentares do PCdoB seguiram com as trabalhadoras para a cerimônia realizada no Estádio Mané Garrincha. Autoridades e manifestantes receberam Dilma com um sonoro “não vai ter golpe”.

A garantia do diálogo constante com as mulheres para construir políticas que permitam fazer do Brasil um país onde todos tenham iguais direitos e oportunidades foi reafirmada pela presidenta Dilma no encerramento da 5ª edição da Marcha das Margaridas. “Quero reafirmar nossa parceria e me somar a vocês nessa mobilização por justiça, por autonomia, por igualdade, liberdade, democracia e não ao retrocesso”, disse. “Juntas, nós, Margaridas, que geramos a vida e a defendemos não permitiremos que ocorra qualquer retrocesso nas conquistas sociais e democráticas de nosso país,” acrescentou.

Jandira Feghali, líder do PCdoB na Câmara, acentuou o papel de luta das mulheres de todos os cantos do país por equidade. “Estamos aqui nos solidarizando com estas mulheres guerreiras. As mulheres e os homens têm de ter direitos iguais, apesar das diferenças biológicas. Mas como cidadãs merecem um Brasil mais democrático e amplo. Estaremos ao lado delas, trabalhando políticas públicas e leis que favoreçam e garantam os direitos destas mulheres do campo, da floresta e das águas.”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que é preciso colaborar para que o governo retome o caminho do desenvolvimento para todos os brasileiros. Em discurso na abertura da marcha, na terça-feira (11), ele também afirmou que o país vive um momento de dificuldade, mas que isso não se deve à presidenta. Lula salientou que o povo brasileiro “aprendeu a fazer, nos últimos anos, sua própria história. Com a força do povo, a coragem e a garra das mulheres, não há ninguém que tente ameaçar o processo democrático que está implantado nesse país”.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) destacou que as mulheres têm papel fundamental em diferentes áreas da vida econômica do país. “Somos as primeiras a acordar e as últimas a dormir. Nos destacamos em várias áreas, mas ainda somos a maior parte dos desempregados, em especial a mulher negra. Somos mulheres indígenas sem terras demarcadas, as maiores vítimas da agressão intrafamiliar e nas ruas. Esta marcha é emblemática por adotar a bandeira da emancipação da mulher brasileira."

Também participaram dos atos os deputados Chico Lopes (CE), Daniel Almeida (BA), Davidson Magalhães (BA) e Jô Moraes (MG) e a senadora Vanessa Grazziotin (AM).