Esta semana completa um ano que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impede a conclusão do processo que acaba com o financiamento empresarial de campanhas eleitorais. A análise da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), já contava com seis, dos 11 votos, favoráveis ao fim da prática, quando Gilmar Mendes pediu vista, suspendendo o julgamento. Para marcar a data, o Comitê Distrital pela Constituinte organizou um ato em frente ao STF nesta quarta-feira (1).

“A gente sabe que o ministro tá sentando no processo para que a PEC [Proposta de Emenda à Constituição] 352 avance na Câmara. Por isso, estamos aqui para chamar atenção para este tema e esperamos que o Supremo possa terminar o julgamento”, afirma Wilma dos Reis, da Marcha Mundial das Mulheres do DF – uma das entidades que fazem parte do Comitê.

Na primeira semana de trabalho na Câmara, o presidente recém-eleito, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu fazer andar a qualquer custo a análise da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 352/13, que, entre outros pontos polêmicos, constitucionaliza o financiamento empresarial de campanhas. Parlamentares progressistas vêm, desde então, criticando a postura de Cunha, enquanto tentam garantir a análise de propostas que dialoguem com os desejos da sociedade de acabar com esta prática.

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), lamenta que este processo tenha ganhado um caráter político. “Um ministro segurar uma ADI por um ano é terrivelmente inoportuno para o debate que cresce no Brasil. Enquanto isso, a antirreforma ganha corpo no Parlamento com os mais descabidos arranjos antidemocráticos”, afirma.