Na manhã desta terça-feira (31/03), foi instalada a Comissão Especial destinada a debater os efeitos da crise hídrica no país. A meta é propor ações para minimizar os impactos da escassez de água no Brasil, que paradoxalmente, possui 8% da água doce existente no Planeta.

O colapso hídrico, que não ocorre apenas em função de fatores climáticos, atinge várias áreas, desde o meio ambiente, afetando fauna e flora, passando pela necessidade fisiológica de água, pelo aumento nos preços dos produtos agrícolas, até a economia do setor elétrico, que teve grandes aumentos nos custos, devido a problemas nos mananciais e reflexos negativos em diversos setores.

Objeto de pauta de quase a totalidade da mídia nacional e grande parte da internacional, a temática da crise hídrica brasileira não poderia ser ignorada pelo Parlamento brasileiro. Com a instalação da comissão, os parlamentares passarão a discutir formalmente o tema, com o objetivo de buscar soluções para a crise.

O PCdoB atuará na comissão em busca de respostas à crise hídrica, que preocupa autoridades e população. A deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE) é titular do colegiado. Para a deputada, o problema hídrico trava o crescimento e a inclusão social no país. “Estamos vivendo o pior período de seca dos últimos tempos. Há técnicos, pesquisadores, que falam em 40 anos, em 50 anos de seca e que revelam um período de estiagem que impacta em muitas dimensões da vida humana”.

Parlamentar pernambucana, Luciana Santos enfrentou inúmeras secas no Nordeste e acredita que a comissão terá papel importante no enfrentamento da situação por colocar o tema na ordem do dia. “Nesses períodos, o grande impacto foi econômico, se perderam milhões de reais, tivemos perdas significativas na agropecuária. No Nordeste, várias regiões do semiárido tinham sua sobrevivência garantida pela pecuária. Mas o pior de todos os impactos sofridos foi o do setor energético. Setenta por cento da nossa matriz energética é hidroelétrica.” 

Na avaliação do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), o principal é enfrentar a falta de planejamento e de organização de governos que não se preparam para a escassez de água. “Isso exige investimento para que tenhamos uma capacidade maior de reservas de água, para que possamos enfrentar outros momentos como este, sem prejuízos para a economia e para a sociedade”. Conforme o parlamentar, em São Paulo, cerca de 30% da água captada para distribuição é desperdiçada no caminho em razão de sistema superado e ineficiente.

Nessa primeira reunião da comissão, houve a eleição dos membros da mesa que coordenará os trabalhos. O presidente será o deputado federal Celso Pansera (PMDB-RJ).