Deputados representam contra Plínio Valério no Conselho de Ética do Senado

Nove deputados federais representaram contra Plínio Valério (PSDB) no Conselho de Ética do Senado pela declaração do parlamentar de que era intolerável ouvir a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, “sem enforcá-la”.
Em reunião na Fecomércio-AM, o senador relatou que esteve com a ministra na CPI das ONGs, em 2023, por seis horas e dez minutos. “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, disse na ocasião.
Marina, por sua vez, afirmou que “quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo, só os psicopatas são capazes de fazer isso”. A ministra é deputada federal licenciada pela Rede de São Paulo.
Na representação, os deputados dizem que o senador quebrou o decoro parlamentar e cometeu o crime de violência política de gênero.
Para que a prática seja considerada crime, a lei diz que não é preciso haver agressão física, isto é, atitudes nos campos psicológico e simbólico também são criminalizadas.
Os parlamentares sustentam que a fala do senador “não apenas fere a dignidade da ministra Marina Silva, mas também desqualifica o debate político ao utilizar uma linguagem de incitação à violência”.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que o parlamento não pode ficar calado diante de qualquer forma de violência contra a mulher.
“A recente declaração do senador, insinuando violência contra a ministra Marina Silva, é inaceitável e representa uma grave incitação à violência contra a mulher. A ministra respondeu com firmeza, ressaltando que ‘com a vida dos outros não se brinca’ e que tais atitudes são típicas de ‘psicopatas’”, afirmou Jandira.
Para ela, é inadmissível que, em pleno século 21, figuras públicas utilizem discursos que reforçam a violência de gênero.
“Não podemos tolerar que o debate político descambe para ameaças e agressões, especialmente contra mulheres que dedicam suas vidas ao serviço público. A violência de gênero é uma chaga que precisa ser extirpada da nossa sociedade, e isso começa com a responsabilização daqueles que a promovem, seja por palavras ou ações”, cobrou.
“Nossa solidariedade à ministra e já assinamos uma representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado. Juntas e juntos, lutaremos por um Brasil mais justo e igualitário, onde o respeito prevaleça e a violência de gênero seja apenas uma triste lembrança do passado”, defendeu.
A deputada Bendita da Silva (PT-RJ), que é coordenadora da Secretaria da Mulher da Câmara, disse que a fala não apenas configura um “ataque à honra da ministra e um direito constitucional fundamental, mas um grave desserviço ao enfrentamento da violência política de gênero”.
“O senador, ao atacar verbalmente a ministra, agride todas as mulheres e desrespeita a luta histórica pela igualdade de direitos. Não podemos ignorar que, até outubro de 2024, foram registradas 1.128 mortes por feminicídio no Brasil, um dado alarmante que exige comprometimento e responsabilidade de todas as autoridades públicas”, diz.
Além de Jandira e Bendita, assinaram o documento: Túlio Gadêlha (Rede-PE), Duda Salabert (PDT-MG), Enfermeira Ana Paula (Podemos-CE), Gisela Simona (União Brasil-MT), Laura Carneiro (PSD-RJ), Maria Arraes (Solidariedade-PE), Tabata Amaral (PSB-SP) e Talíria Petroni (Psol-RJ).
Após denúncia apresentada ao Conselho de Ética do Senado, o senador poderá sofrer as medidas disciplinares previstas no Código de Ética, são elas:
a) advertência;
b) censura;
c) perda temporária do exercício do mandato;
d) perda do mandato.