O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) surpreendeu parte dos analistas ao anunciar, nesta quarta-feira (18), um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, elevando-a de 10,5% para 10,75% ao ano. Essa é a primeira alta desde agosto de 2022, contrariando a tendência global de queda de juros, como a recente redução promovida pelo Banco Central dos Estados Unidos.

Segundo o comunicado oficial, a decisão unânime do Copom foi motivada pela “resiliência na atividade econômica, pressões no mercado de trabalho, aumento das projeções de inflação e expectativas desancoradas”. O Banco Central justificou a medida como necessária para que a inflação convirja para a meta estabelecida, destacando que a política monetária mais contracionista é o caminho adequado no atual contexto econômico.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) vocalizou o setor produtivo estrangulado pelo encarecimento do crédito. “Mesmo com o Brasil já tendo a maior taxa de juros do mundo, seguimos na contração do desenvolvimento econômico e da melhoria do poder de compra da população. E ainda dizem que é só o começo de um novo ciclo de taxas de juros alta. É um puro absurdo!”, afirmou em suas redes sociais.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) destacou que o aumento da Selic é “inaceitável” e que Campos Neto segue sabotando o governo Lula. “O Copom mais uma vez atendeu aos interesses do mercado elevando a taxa Selic em 0,25%, mesmo sem descontrole inflacionário. Campos Neto insiste em sabotar o governo Lula, impede o desenvolvimento e prejudica diretamente o povo brasileiro. Com a Selic agora em 10,75% ao ano, o Brasil se firma como o segundo país com a maior taxa de juros reais do mundo, um verdadeiro obstáculo para o crescimento econômico e o bem-estar da população”, afirmou.

Impactos esperados

O aumento da Selic terá impacto direto no crédito, tornando-o mais caro e menos acessível para consumidores e empresas. O encarecimento do crédito pode frear o consumo e reduzir as perspectivas de crescimento econômico no curto prazo. Por outro lado, o BC aposta que a alta ajudará a controlar a inflação, que, segundo o Copom, ainda apresenta riscos, especialmente diante das pressões externas e climáticas.

Mesmo com a controvérsia em torno da decisão, o Banco Central mantém a posição de que medidas contracionistas são necessárias para assegurar a estabilidade econômica. No entanto, o debate sobre o papel do BC e suas políticas monetárias deve se intensificar, especialmente à medida que o novo presidente da instituição, Gabriel Galipolo, assume o cargo nos próximos meses.

O aumento da Selic, primeira medida do gênero no governo Lula, coloca o Banco Central no centro de uma discussão sobre os rumos da economia brasileira e as estratégias necessárias para equilibrar crescimento e estabilidade.