Prêmio Paulo Gustavo dá visibilidade aos artistas do humor
“Rir é um ato de resistência”, disse o ator, diretor e humorista Paulo Gustavo em uma de suas últimas aparições na televisão. A frase foi lembrada nesta quarta-feira (21) durante a cerimônia na Câmara dos Deputados que homenageou artistas da comédia e que leva seu nome.
Para Jandira Feghali (PCdoB-RJ), uma das autoras do prêmio, Paulo Gustavo é símbolo de resistência.
“Paulo Gustavo foi uma das vítimas da Covid-19. Momento de muita dor e que sabemos dos responsáveis. Ele, certamente, foi um ícone do humor inteligente, sagaz. Há muitos anos eu pensava em como homenagear essa arte, porque fazer comédia não é para qualquer um. Exige inteligência, ritmo, leitura de país. Muitas vezes é mais difícil provocar o riso, mas não colocamos o humor no mesmo patamar do drama. Então, quando o Parlamento homenageia o humor, ajuda a dar essa visibilidade como uma arte igual. E o Prêmio Paulo Gustavo começa a fazer isso”, afirmou a parlamentar, que lembrou ainda que conceder o prêmio em 2023 é marca de que “vamos ter mais esperança, mais risos, mais prosperidade”.
O prêmio homenageará todos os anos cinco artistas, personalidades, grupos, organizações ou iniciativas por suas contribuições à cultura brasileira por intermédio do humor e da comédia, incluídas as artes circenses e as formas de comicidade popular.
Presente na cerimônia, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou que o prêmio “simboliza não só a memória, mas a esperança de quem acolhe, de quem abraça”. “Esse é o Brasil da esperança, da reconstrução”, afirmou a ministra, após elencar as ações realizadas pela Pasta a partir da instituição da Lei Paulo Gustavo, que injetou R$ 3,8 bilhões no setor cultural.
Na primeira edição, Maria Bopp, Matheus da Costa Carvalho, Samantha Schmutz, Teuda Magalhães Fernandes e Tom Cavalcante receberam o prêmio.
Maria Bopp, criadora da “Blogueirinha do Fim do Mundo”, e indicada pela líder do PCdoB, foi uma das homenageadas desta edição. Ela lembrou que a partida de Paulo Gustavo em meio à pandemia “foi um símbolo muito cruel de uma época em que o país perdeu a graça” e destacou a importância da comédia no debate de assuntos “sérios”.
“Espero que minha contribuição com a Blogueirinha do Fim do Mundo seja a reafirmação de que a comédia pode ser um veículo para a gente debater assuntos sérios, espinhosos e sisudos. A comédia pode infiltrar mais no nosso dia a dia esses temas por ser palatável. E fiz isso sem ofender nenhuma minoria política, isso é possível, pois minha mira sempre apontou para quem estava no poder, e, que se tudo der certo, amanhã estará inelegível”, afirmou a artista em referência ao julgamento de Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral nesta quinta-feira (22).