Por indicação do líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), o jornalista e escritor Sebastião Nery receberá a Medalha Mérito Legislativo, destinada a condecorar autoridades, personalidades e instituições que prestaram relevantes serviços ao parlamento e ao Brasil.

O jornalista, que morreu no ano passado, no Rio de Janeiro, aos 92 anos por causas naturais, será homenageado em solenidade no dia 3 de dezembro.

O líder do PCdoB diz que Nery foi crucial para o processo de redemocratização do país durante a ditadura militar, além das discussões sobre direitos humanos.

“Suas crônicas registraram histórias significativas do mundo político para a sociedade, com empatia, sensibilidade e responsabilidade”, destaca o líder.

Nery trabalhou em jornais, rádios e televisão de Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Também foi correspondente internacional em Moscou, Praga, Varsóvia, Portugal e Espanha. Atuou como adido cultural do Brasil em Paris e Roma. 

Era repórter do “O Diário”, matutino ligado à Arquidiocese de Belo Horizonte, quando em 1954 disputou uma vaga na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Eleito, não assumiu por perseguição política.

Em 1956 trabalhou para o semanário Jornal do Povo, publicação vinculada ao PCB.

Contratado pelo Jornal da Bahia, em 1958, e no ano seguinte pelo jornal A Tarde, fundou o semanário Jornal da Semana em 1959.

Em outubro de 1962, elegeu-se deputado estadual na Bahia, sendo empossado em fevereiro de 1963. Ele exerceu o mandato até ser preso em 31 de março de 1964, no dia do golpe militar.

Rio de Janeiro

Depois do fechamento do Diário Carioca, Nery assumiu o cargo de editor de política na recém-inaugurada Rede Globo, onde permaneceria até 1970.

Em 1968 assumiu uma coluna na Tribuna da Imprensa e, dois anos depois, foi contratado pelo Correio da Manhã.

Em 1971, juntamente com Oliveira Bastos, fundou o semanário Politika, fechado em 1974 em virtude de problemas financeiros e do rigor da censura.

Em 1975 assinou pela primeira vez a coluna Contraponto, no jornal Folha de S.Paulo, onde permaneceria até 1983.

De 1978 a 1980 manteve um programa diário na Rede Bandeirantes.  Em 1979, deixou a Tribuna e levou sua coluna para a Última Hora.

Em 1980, participou, juntamente com Jô Soares, da montagem da peça Brasil da censura à abertura, baseada no anedotário do Folclore Político, que é a denominação comum a uma série de livros do jornalista Sebastião Nery, que traz histórias bem humoradas relativas aos principais personagens da política nacional, com base nas quais foi escrito o roteiro da peça Brasil da censura à abertura.

De volta ao Brasil em 1993, Nery continuou com coluna na Tribuna da Imprensa, republicada no Diário Popular, Folha de São Paulo, na Gazeta de Alagoas, em O Estado do Ceará, na Gazeta do Paraná e em O Estado de Santa Catarina.

Segundo Nery, “um bom jornalista é aquele que, acima de tudo, não teme desagradar.”