O Instituto Carlos Marighella terá sede em Salvador na casa onde ele morou no bairro de Nazaré. No local, onde o ex-deputado viveu, será um espaço dedicado às atividades culturais e à formação política.

A transformação do local em sede foi anunciada na segunda-feira (4) durante um ato no endereço em que Marighella foi assassinado: na Alameda Casa Branca, região central de São Paulo.

Conhecido na história como “inimigo público número 1” da ditadura militar, ele foi alvo de emboscada.

“Vítima de torpe cilada, vilmente fuzilado em plena rua pela polícia, morreu Carlos Marighella. O assassinato deste conhecido revolucionário é mais uma ação vergonhosa e covarde que se acrescenta à onda de inomináveis violências que a ditadura militar vem cometendo. A história do Brasil registra poucos crimes políticos tão infames, tão friamente planejados como o perpetrado na Alameda Casa Branca, em São Paulo”, diz um trecho da nota do PCdoB publicada na época no jornal A Classe Operária.

Para o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), vice-líder do governo na Câmara, Marighella, que nasceu em Salvador, vive na memória do povo brasileiro e na construção de um Brasil justo.

“A casa onde viveu agora será um espaço de resistência, cultura e formação política. Transformar esse local em um símbolo da luta contra a opressão é um passo crucial para honrar quem enfrentou a ditadura com coragem”, destaca o parlamentar.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN) foi morto na capital paulista em uma operação arquitetada pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops).

“Naquela noite, as equipes da unidade armaram uma emboscada para o militante, o surpreenderam desarmado e, ainda que pudessem levá-lo preso, executaram-no”, diz o MPF, que ajuizou uma nova ação civil pública para que 37 ex-agentes da ditadura sejam responsabilizados na esfera cível pela execução Marighella .

Pedidos

O MPF pede, entre outras condenações, que os envolvidos no episódio percam aposentadorias, restituam gastos do Estado brasileiro com indenizações concedidas a familiares da vítima e paguem compensações financeiras por danos morais coletivos que a repressão política causou à sociedade. No caso de réus já falecidos, os herdeiros deverão arcar com as reparações.

Vários dos ex-agentes já figuram em duas ações civis públicas anteriores, que o MPF ajuizou em março e agosto, relacionadas a casos de prisão ilegal, tortura, morte e desaparecimento forçado de outros 34 militantes políticos perseguidos na ditadura.

Parte dos envolvidos no assassinato de Marighella também foi alvo de uma denúncia protocolada em maio, com pedidos de condenação penal por homicídio qualificado e falsidade ideológica.

Com informações da Ascom/MPF